sexta-feira, novembro 06, 2009

Quando o ilógico se torna rotina

Quando o ilógico se torna rotina



Totalmente remodelado o aeroporto do Pico, percebidos os desafios das acessibilidades e as especificidades das três ilhas do triângulo tudo parecia encaminhar-se para a coordenação e a complementaridades dos transportes.

Mas nada mais longe da realidade.

Tudo continua a acontecer como se as três ilhas pouco ou nada tenham a ver umas como as outras, como se o aeroporto do Pico seja um mero fait-divers não um investimento com objectivos claros e como se a Transmaçor fosse uma libelinha tonta.

Não há coordenação, complementaridade ou simplesmente lógica. Os voos da TAP para a Horta continuam a ter horários como se apenas servissem a Ilha do Faial, a Transmaçor continua a não perceber que aqueles voos trazem, invariavelmente, passageiros para o Pico e este continua a ter uma ridícula desobriga semanal da TAP.

E não adianta pregar ou barafustar. Continuam todos de costas olimpicamente voltadas continuando a ser possível ver o Cruzeiro do Canal ainda dentro do porto da Horta depois de um rally iniciado no aeroporto de Castelo Branco ou a ter dias em que não há voos nem para o Pico nem para o Faial.

A descoordenação é tão chocante que parece ser propositada. Recursos que se desperdiçam, tempos de pessoas que se desprezam e oportunidades que se perdem.

Situação que assume contornos surrealistas quando experimentada por quem nos visita e desconhece as nossas idiossincrasias de antanho. Pessoas que ficam sem vontade de voltar, sobretudo em época baixa.

Parece ter sido tudo planeado ao milímetro para não funcionar.


Sendo a única pedrada neste nosso charco, as viagens diárias e todo ano para São Jorge de parto bem difícil mas que irão, certamente, consolidar o triângulo e tornar os jorgenses nossos efectivos parceiros.

Quando a lógica e o bom senso apontam para a necessidade absoluta de evitar desperdícios e maximizar recursos parece não ser possível coordenar Transmaçor, SATA e TAP criando condições de diálogo e cooperação.

O que falta?

Falta, com toda a certeza, a percepção e a interiorização do conceito de triângulo e de proximidade que existe neste mini-arquipélago, tão próximo e tão distante. Como falta o exercício de uma cidadania do triângulo em detrimento dos bairrismos de ilha ou de concelho.

Algumas apostas estão lançadas embora as nuvens permaneçam. Resta agora saber concretizar no terreno uma lógica de união e de procura de sinergias que venham tornar esta zona do Arquipélago num ainda mais apetecível lugar para se viver e num empolgante destino turístico.

E que, sobretudo, torne o lógico em rotina.



P E D R O D A M A S C E N O