sexta-feira, abril 24, 2009

Turismo em tempo de crise

Turismo em tempo de crise

São previsíveis dificuldades no turismo açoriano, como em todo o lado. A retracção do consumo irá, inevitavelmente, reflectir-se num sector de actividade que dele tanto depende.

Não sendo as férias e o passear uma prioridade de primeira linha para a generalidade das pessoas será uma das despesas a reduzir nos orçamentos familiares, mesmo em países de maior desafogo.

Os Açores, sendo um destino caro, não estarão na primeira linha das opções de férias de muita gente. Sobretudo no nosso mercado emissor mais importante que continua, ainda, a ser o continental.

Mas as crises, como tudo na vida, têm coisas más e boas. E, neste caso, as boas serão a possibilidade de reflectirmos, calmamente, na sustentabilidade do nosso modelo de desenvolvimento turístico.

Embora sustentabilidade seja uma palavra que muito se poluiu de tanto ser usada, a propósito de tudo e de nada, não deixa de ser um conceito inteiramente actual e indispensável ao progresso.

Tempos de vacas gordas, geralmente, não convidam muito á reflexão. Estando toda a gente mais ou menos bem, não importa muito filosofar. Nem que se esteja a correr no fio da navalha.

E foi um pouco o que aconteceu na Região. A SATA Internacional tornou-se uma realidade de mais valia – sobretudo pela abertura de rotas directas para os Açores, os mercados emissores expandiram-se e o número de camas e dormidas explodiu.

De um destino quase desconhecido passamos a ter níveis de notoriedade interessantes que foram ampliados por alguns reconhecimentos internacionais como o selecção da vinha do Pico como património mundial ou o painel da National Geographic.

Sendo certo que o aumento exponencial de camas turísticas dos Açores não teve como base um aumento sólido da procura nem se fez com base num conceito de turismo devidamente identificado.

Cresceu-se e pronto.

Agora, em tempo de vacas magras, será a melhor altura para avaliar o que foi feito e para programar o futuro com base numa análise de mercado rigorosa e num conceito que resulte da experiência acumulada, da sensibilidade dos agentes económicos e da vontade dos políticos.

A excessiva confiança não deverá dar lugar ao desânimo. Os Açores são um destino com inegáveis potencialidades nos mercados já estabilizados e noutros – que urge explorar – como os americano e canadiano.

Seria interessante organizar, ao nível da Região, uma mega operação de reflexão sobre o que temos, o que devemos fazer e para onde queremos ir. E tempos de crise são, por natureza, os mais criativos ou não fosse a necessidade a melhor forma de aguçar o engenho.



P E D R O D A M A S C E N O