Há coisas que se fazem em casa e não se fazem na rua, à frente de toda a gente.
Antonio Jose Saraiva
Antonio Jose Saraiva
E X I B I C I O N I S M O S
Os recentes episódios mediáticos que rodearam o caso da troca de beijos entre duas adolescentes homosexuais numa escola de Vila Nova de Gaia, bem podem servir de mote para algumas situações que se vivem nas escolas.
É diário encontrar nas nossas escolas secundárias cenas de beijos de língua prolongados e acompanhados de “esfreganços” despudorados, a qualquer hora e qualquer lugar incluindo halls de entrada, corredores etc.
Perante a complacência de contínuos, professores e conselhos directivos que, pelos vistos, não se querem arriscar a ter chatisses. E chatisses é o que ninguém quer neste país, assumidamente, na cauda da Europa.
E, assim, se passou - em pouco de 20 anos - de um extremo ao outro. De um opressivo obscurantismo sexual e de costumes para uma promiscuidade chocante. Sem que pelo meio tivesse havido qualquer tentativa consistente e sustentável de formação e esclarecimento.
E a escola tem vindo, progressivamente, a servir de palco a exibicionismos e comportamentos desviantes. Porque não lembra, nem ao diabo, que escolas que têm alunos a partir dos 10 anos não se preocupem em assegurar comportamentos adequados a um local de ensino.
Não estando em causa, nem por um segundo, o direito dos jovens a uma sexualidade livre e saudável (base indispensável para uma vida equilibrada) não se pode aceitar que – nem ao nível da escola – esse jovens sejam devidamente orientados para comportamentos cívicos e sociais aceitáveis e adequados.
Tudo sem o seu lugar e o seu tempo.
Faz tanto sentido que jovens se beijem e se acariciem despudoradamente na escola como os funcionários da câmara municipal façam o mesmo, publicamente, nas horas de serviço. Ou, como escrevia um cronista, dois militares o façam na parada do quartel!
Há coisas na vida que têm, apenas, a ver com bom senso e equilíbrio. Se há trinta anos, no calor da revolução, ainda se poderiam compreender certos excessos não faz, hoje, nexo que se tolerem situações que não fazem qualquer sentido num quadro democrático e de liberdade.
O sexo é, indiscutivelmente, uma área central da nossa vida íntima. Uma área em que cada um tem que procurar o seu caminho e inclinação – em total liberdade e responsabilidade. Mas, também por isso mesmo, uma área que não se pode impôr a ninguém.
Os pais que mandam os seus filhos de tenra idade para uma escola deveriam ter a garantia de que, ao menos dentro da escola, eles não fossem confrontados com práticas exibicionistas que, inevitavelmente, lhe criarão modelos e referências mais do que discutíveis.
E já agora votos de que a educação sexual passe a fazer, de facto, parte dos curriculos escolares. E de que a pedagogia e o saber substituam o filme pornográfico, único material “didáctico” de que os jovens, verdadeiramente, dispõem.
P E D R O D A M A S C E N O
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