Globalização é uma mutação de colonialismo
Ecologia e Agricultura
(Ironias da vida moderna)
A criação do movimento europeu Green Care (Cuidados Verdes) e o seu alastramento a países como a Alemanha, Áustria, Holanda, Itália e Bélgica tem vindo a confirmar o regresso europeu à agricultura com face humana.
Nas explorações agrícolas ligadas a este movimento fomenta-se a saúde física e mental das pessoas através dão seu envolvimento no trabalho na terra, deixando para trás uma agricultura industrializada, altamente poluente.
Pretende-se, desse modo, promover o retorno à agricultura de pequenas dimensões e carácter familiar e à distribuição e consumo locais de alimentos, também produzidos localmente, envolvendo um número crescente de pessoas na agricultura.
O que implicará, a curto prazo, reformas profundas da política agrícola comum europeia. Contrariando a tendência actual de produção e transporte massificado de alimentos à volta da mundo, liquidando as pequenas explorações agrícolas dos países menos desenvolvidos.
Baseado no paradigma de que a chave do desenvolvimento e do progresso é o crescimento económico contínuo a todo custo tem-se vindo a apostar na globalização como a forma mais eficiente de o fazer.
Nem que isso implique uma utilização brutal dos combustíveis de origem fóssil nas práticas agrícolas industriais e no transporte – à escala mundial – dos bens que representa hoje cerca de 60% de todos os meios de transporte. Ficando o turismo e o lazer nos 40%.
Realidade que gera um contributo extremamente relevante e negativo para o aquecimento global do planeta e as graves alterações climatéricas que já são evidentes para toda gente.
O que tem vindo a criar uma contradição insolúvel: por um lado industrializa-se a agricultura e promove-se a globalização da distribuição dos bens alimentares e por outro agride-se de forma dramática o ambiente.
Sendo também certo que a nova cultura médica e de saúde aponta para a necessidade crescente das pessoas fazerem exercício físico e usufruírem de um contacto estreito com a natureza, consumindo alimentos o mais naturais possível.
Sendo, progressivamente, evidente que a vida atrás de um computador e em volta de papeis em escritórios com luz artificial e com níveis elevados de sedentarismo em nada contribui para a sua qualidade.
Ou que a vida no campo e na agricultura e o contacto com a natureza são formas de vida menores e que o vento, a chuva e o frio são coisas a evitar como a peste! Sendo mais importante ser “doutor” não importa de quê.
Situação que se verifica, também e infelizmente, no nosso meio em que a vida na terra é entendida como uma forma de actividade a evitar e um trabalho na função pública ou um canudito como os novos Eldorados.
É, certamente, importante que as pessoas adquiram mais conhecimentos e se promovam social e culturalmente mas é bem mais importante que promovam a sua qualidade de vida que passa por uma ligação profunda à natureza e à terra.
O que torna triste o rumo que as nossa sociedades rurais estão a tomar assumindo todos os tiques e defeitos das sociedade urbanas industrializadas e virando as costas ao que verdadeiramente é mais importante.
Ironias da vida moderna.
P E D R O D A M A S C E N O
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