sexta-feira, abril 29, 2011

FMI

FMI


Muitos têm sido os analistas que colocam as próximas eleições como atípicas face aos condicionalismos criados pelo pedido de ajuda ao FMI e à Comunidade Europeia.

E realmente são-no na medida em que vão condicionar fortemente as políticas económicas e de investimento do Governo que vier a ser constituído. Mas deixam de fora um conjunto de questões políticas fundamentais.

De modo que não sendo as próximas eleições desprovidas de condicionalismos também não serão a simples nomeação de um intendente para gerir as imposições do FMI e CEE.

Mais do nunca são urgentes reformas profundas na justiça, na educação, na administração pública e na própria saúde que pouco ou nada têm a ver com dinheiro e muito menos com a ajuda internacional.

E como é sabido as reformas a efectuar terão uma componente fortemente política/ideológica e não será, portanto, de todo indiferente qual vai o partido/s que as vão levar a cabo.

O FMI essencialmente vai impor rigor nas contas públicas e uma gestão orçamental sem falhas com óbvias restrições no lado da despesa e ganho no lado das receitas. Objectivos que irão, em última análise, servir o País.

Pelo que, ao contrário do que muita gente pensa ou faz fazer crer, o FMI e Cª não são nenhum papão mas simplesmente um recurso a que teve de se lançar mão face a um conjunto muito complexo de razões.

Portugal tem, felizmente, uma democracia madura com partidos que, embora carecendo de profunda renovação, estão conscientes (com algumas excepções) do momento grave que se vive.

Temos liberdade de expressão e temos potencial de actuação cívica e política que não se esgota nos partidos. Temos as ferramentas necessárias para aproveitar as dificuldades e as tornar numa oportunidade de desenvolvimento.

Melhor teria sido, obviamente, que nada disto tivesse sido preciso.

Mas temos agora uma excelente oportunidade para olhar para o passado e corrigir o nosso rumo alterando a corrida desenfreada ao consumismo e o facilitismo para retomarmos uma vida mais de acordo com os nossos recursos.

Portugal tem grandes recursos e, desde logo, um mar a perder de vista se incluirmos a Madeira e os Açores. O clima é muito favorável e as gentes são hospitaleiras e, se motivadas, laboriosas.

Há, por conseguinte, que fazer da actual conjuntura um arranque para um país de mangas arregaçadas e de esforço colectivo estabelecendo uma relação de confiança entre governantes e governados.

O FMI não veio para ficar como não ficou das outras vezes.

Foi talvez um percalço indispensável para que tomássemos plena consciência do momento difícil que vivemos e para que assentássemos os pés na terra.

Há coisas muito piores e a recente tragédia do Japão é disso um excelente exemplo. A nossa reacção só poderá ser de maturidade que passa pela participação activa nas eleições que se aproximam.

Não há, felizmente, salvadores da pátria em stock.


P E D R O D A M A S C E N O

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