FACE OCULTA
HOTEL PICO
A farsa continua
Passados
cinco anos sobre o seu encerramento, e apesar da degradação galopante, o Hotel
Pico continua a figurar na página da internet da empresa proprietária como se
nada se passasse (salvo
lacónica mensagem de temporariamente encerrado para obras!...) E figura
mesmo na publicidade inserida, por exemplo, no último número do Jornal do Pico!
Dado
não haver destino conhecido para uma unidade que foi a menina-dos-olhos do
grande pioneiro do turismo na Ilha do Pico tal comportamento, para além de ser
flagrante publicidade enganosa, indicia uma atitude fraudulenta de quem quer
parecer o que não é tentando tapar o sol com a peneira.
Toda
a gente já percebeu que o Hotel do Pico está no seu leite morte com atestado de
óbito passado e que não há qualquer solução à vista para um imóvel que poderia
ter tido uma série de outras funções, não excluindo mesmo o turismo. Impune o
seu encerramento e expurgadas todas as responsabilidades ficou mesmo assim.
Afinal
o que quer a empresa proprietária? O que pretende com este faz de conta?
O
embuste promocional em que insiste deixa ficar mal, também, o Pico já que é o
palco de uma encenação que em nada
beneficia a credibilidade do sector numa ilha que se afirma como líder do
crescimento turístico nos Açores. A existência de um hotel fantasma é uma nódoa
difícil de entender e muito menos de suportar quando se pretende construir um
destino de excelência.
O
rei vai nu, toda a gente já viu mas parece que ninguém se importa.
Aonde
estão as entidades fiscalizadoras? Aonde estão as entidades licenciadoras?
Aonde estão as atitudes cívicas e políticas mais do que justificadas? Como é
possível deixar degradar completamente um imóvel de tais dimensões numa terra
de tão poucos recursos?
O
caso do Hotel Pico é bem ilustrativo de um estado de coisas que fazem mais
parte do lado psicológico da crise do que propriamente desta. Aqui não se trata
de um filho da crise como parece estar a acontecer noutras ilhas. Aqui trata-se
simplesmente de uma maneira de estar nas empresas e no turismo que merece o
mais vivo repúdio.
Se
é para o deixar cair que se imploda. Se é para o recuperar que isso seja
assumido formalmente e não se deixe desbaratar mais o património. Se é para
transacionar que se iniciem as negociações ou, de preferência, se ponha à venda
em hasta pública,
Um
hotel com esta dimensão faz falta à ilha já que a hotelaria tradicional é
indispensável, mesmo num destino de natureza como é o Pico. A matriz do turismo
terá de ser sempre de caracter tradicional para um destino ganhar músculo e
escala. As pequenas unidades são um fator diferenciador importante como está
provado mas não chegam.
Espera-se
que a filosofia empresarial que parece estar no centro das preocupações para o sector
do atual governo venha ajudar a registar esta intolerável anomalia que há muito
deveria ter sido equacionada e resolvida.
PEDRO DAMASCENO
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