quarta-feira, outubro 27, 2004

Hotel do Canal


Hotel do Canal
Um bom exemplo


Em diversas ocasiões e de várias maneiras temos tido oportunidade de defender um conceito de turismo à escala dos Açores e que vise, primordialmente, dar novas oportunidades de negócio aos pequenos investidores açorianos. A favor de um crescimento verdadeiramente sustentável.

Embora defendamos um turismo de pequenas unidades, sobretudo nesta área do arquipélago, temos plena consciência de que os nossos centros urbanos têm necessidade da existência de hotéis de média dimensão que venham dar consistência e escala à nossa oferta. Questionando, embora, a dimensão de alguns hotéis que foram construídos bem como a sua proliferação excessiva.

Sendo um dado assente que a Região jamais será um destino de massas porque para isso não tem condições (sol e praia) e sendo certo que a época dos grandes grupos declina a favor de pequenos grupos e individuais não faz sentido a construção de grandes hotéis iguais aos que fazem em todo o lado.

Bem como não faz sentido que se caminhe para um excesso de unidades numa determinada área o que poderá ter como consequência a necessidade de ,a prazo, proceder a demolições! Como ainda recentemente aconteceu no município de Calvia em Maiorca aonde foi necessário demolir hotéis como única forma de reabilitar a zona costeira e atrair um turismo de mais qualidade!

A experiência de erros acumulados em matéria de desenvolvimento turístico, mesmo no nosso país, deverá ser suficiente para impedir o avanço para um figurino de turismo standardizado e despersonalizado que nada tem a ver com a nosso produto principal – a natureza. Impedindo desse modo soluções que em vez de valorizarem o nosso património, o agridem.

Por tudo isto a construção do novo Hotel do Canal na Ilha do Faial constitui um bom precedente. Sendo um hotel tradicional de média dimensão conseguiu valorizar uma zona da cidade da Horta que se encontrava relativamente abandonada e sem qualquer função útil. Conseguindo resolver, a nosso ver, bem o espaço entre o edifício da capitania e a igreja e constituindo-se num bom exemplo de integração urbana.

Tendo mencionado este exemplo a várias pessoas, algumas habitualmente atentas, tive a surpresa de me dizerem que – por acaso – ainda não tinham reparado! Nada por acaso, diria agora, porque de facto essas pessoas não repararam porque o hotel esta efectivamente bem integrado, quer em termos volumétricos quer em termos tipológicos.

O exterior embora discreto, casa alguma modernidade com o tradicional da envolvente. E por dentro tira o máximo partido da vista sobre o canal e o Pico que são, realmente, os dois grandes atributos da sua localização. Conseguindo assim uma unidade que, embora de hotelaria tradicional, conseguiu “fugir” a modernismos excessivos para encher o olho.

E não enchendo o olho consegue passar despercebido e ajudar a Horta a manter o seu carácter de pequena e simpática cidade açoriana, cativando, simultaneamente, um mercado que procura, crescentemente, hotéis interessantes e amigos do património em vez de hotéis “espectaculares” que ninguém espera nem deseja neste, ainda, paraíso atlântico.

Estão de parabéns os seus promotores e o seu projectista.


P E D R O D A M A S C E N O







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