Jacques Derrida
Líderes descartáveis
O consumismo já chegou à política?
Para orgulho de todos nós as eleições legislativas regionais decorreram com total normalidade e civismo e tiverem um desfecho, também, perfeitamente normal. Um partido ganhou e vai formar governo, outros tiveram menor votação e terão, a seu cargo, a oposição.
Á frente do partido ganhador está um político experiente quer do lado da oposição quer do lado do poder. Na liderança da coligação que ficou remetida para a oposição estava um jovem mas experiente político com a clara ambição de ser Presidente do Governo Regional.
Como é normal em democracia uns ganharam e outros perderam. Sem dramas e de forma suficientemente clara para que não ficassem dúvidas sobre a opção do eleitorado. Depois de uma campanha muita viva e em que todas as partes usaram de meios robustos para fazerem passar as respectivas mensagens.
É, pois, completamente surrealista que o - até há pouco horas antes - candidato alternativo a presidente do governo se demita no calor dos resultados. Como se o seu prazo de validade fosse uma eleição regional e depois é para deitar fora. Uma forma descartável de fazer política ou então, o que ainda é pior, um lider descartável!
Atitude que ainda poderia ter algum fundamento se tivesse sido o partido de que era líder a ter questionado a eficácia da sua estratégia ou a bondade da sua liderança. Mas, tanto quanto é dado saber, nada disso aconteceu, bem pelo contrário, sendo inúmeras as personalidades partidárias que insistiram e insistem para que se mantenha no seu posto.
Fica, portanto, a ideia de que se demitiu porque não lhe deram o brinquedo que pretendia. Não porque porque tivesse um projecto governativo alternativo devidamente estruturado e credível. Se assim fosse teria, apenas, que se dedicar, ainda com mais afinco, à luta política enquanto líder desse projecto.
Personalidades tão diferentes como Miterrand, Mandela ou Lula souberam lutar e esperar pela sua oportunidade. Porque haveria um jovem político açoriano de ser diferente? Apenas porque teria que enfrentar, como derrotado, um parlamento que lhe será, maioritariamente, hostil? Por mera falta de autoestima? Ou por ter chegado ao fim do prazo de validade?
A credibilidade da política e dos políticos não anda de boa saúde. Exactamente por episódios como este que trazem para a arena política o bicho feroz do consumismo - usar já e deitar fora. Para a próxima haverá mais e mais moderno: moda atrás de moda vem!
Depois do “fast food” e da epidemia do telemóvel o que nos faltava, mesmo, eram líderes políticos descartáveis. Parece que o consumismo chegou, de armas e bagagens, à política.
P E D R O D A M A S C E N O
Líderes descartáveis
O consumismo já chegou à política?
Para orgulho de todos nós as eleições legislativas regionais decorreram com total normalidade e civismo e tiverem um desfecho, também, perfeitamente normal. Um partido ganhou e vai formar governo, outros tiveram menor votação e terão, a seu cargo, a oposição.
Á frente do partido ganhador está um político experiente quer do lado da oposição quer do lado do poder. Na liderança da coligação que ficou remetida para a oposição estava um jovem mas experiente político com a clara ambição de ser Presidente do Governo Regional.
Como é normal em democracia uns ganharam e outros perderam. Sem dramas e de forma suficientemente clara para que não ficassem dúvidas sobre a opção do eleitorado. Depois de uma campanha muita viva e em que todas as partes usaram de meios robustos para fazerem passar as respectivas mensagens.
É, pois, completamente surrealista que o - até há pouco horas antes - candidato alternativo a presidente do governo se demita no calor dos resultados. Como se o seu prazo de validade fosse uma eleição regional e depois é para deitar fora. Uma forma descartável de fazer política ou então, o que ainda é pior, um lider descartável!
Atitude que ainda poderia ter algum fundamento se tivesse sido o partido de que era líder a ter questionado a eficácia da sua estratégia ou a bondade da sua liderança. Mas, tanto quanto é dado saber, nada disso aconteceu, bem pelo contrário, sendo inúmeras as personalidades partidárias que insistiram e insistem para que se mantenha no seu posto.
Fica, portanto, a ideia de que se demitiu porque não lhe deram o brinquedo que pretendia. Não porque porque tivesse um projecto governativo alternativo devidamente estruturado e credível. Se assim fosse teria, apenas, que se dedicar, ainda com mais afinco, à luta política enquanto líder desse projecto.
Personalidades tão diferentes como Miterrand, Mandela ou Lula souberam lutar e esperar pela sua oportunidade. Porque haveria um jovem político açoriano de ser diferente? Apenas porque teria que enfrentar, como derrotado, um parlamento que lhe será, maioritariamente, hostil? Por mera falta de autoestima? Ou por ter chegado ao fim do prazo de validade?
A credibilidade da política e dos políticos não anda de boa saúde. Exactamente por episódios como este que trazem para a arena política o bicho feroz do consumismo - usar já e deitar fora. Para a próxima haverá mais e mais moderno: moda atrás de moda vem!
Depois do “fast food” e da epidemia do telemóvel o que nos faltava, mesmo, eram líderes políticos descartáveis. Parece que o consumismo chegou, de armas e bagagens, à política.
P E D R O D A M A S C E N O
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