Será que ainda amamos, de verdade, a nossa Ilha?
Desde sempre, os nossos agricultores tiveram um papel central na manutenção do ordenamento territorial das ilhas. Foram eles que modelaram, com suor e lágrimas, o que é hoje património da humanidade.
Foram eles que, com sensibilidade e bom senso, conquistaram, pedra a pedra, a terra que lhes permitiu sobreviver e criar as suas famílias. Terra com que estabeleceram uma relação reverencial.
Porque eles percebiam e sentiam que sómente uma relação de muita proximidade e respeito com a terra, lhes poderia assegurar sustentabilidade e, o mesmo é dizer, a sobrevivência.
Eram tempos muito duros em que as ligações com o exterior eram precárias e raras. Tinham, forçosamente, que depender da mãe-terra para tudo. Sentiam estas terras como a sua verdadeira casa, como o ventre da sua mãe.
Quem não se lembra, ainda, de velhos agricultores e do seu apego e verdadeiro amor à terra? Para eles, a terra era muito mais que um meio de sobrevivência – era um modo de vida, uma maneira muito especial de estar na vida.
Vida muito modesta mas temperada por uma dureza que lhe conferia um elevado grau de humanidade e de capacidade de entreajuda. Vida que, no entanto e felizmente, melhorou, a olhos vistos, nas últimas décadas.
E dá gosto ver a substancial elevação do nível de vida dos agricultores, desde a qualidade da habitação, ao poder de compra e à própria escolaridade. Bem longe vão os tempos de profunda modéstia em que viveram durante séculos.
Por tudo isto seria de esperar – pensamos nós – um maior cuidado e sensibilidade pela natureza e pelo ambiente que serão sempre, ao fim e ao cabo, o suporte da actividade agrícola.
Sendo, por conseguinte, com a maior mágoa que começamos a verificar, por toda a ilha, um total desleixo no tratamento do lixo resultante das explorações agrícolas nomeadamente dos sacos utilizados para as rações e fertilizantes, dos invólucros de medicamentos, das coberturas plásticas e, mesmo, de grades de madeira para transporte de carga.
As nossas terras começam a estar invadidas por todos esses detritos que condicionam, de forma crescente, a paisagem e dão uma péssima imagem de nós próprios. E já não é raro ver turistas a recolher esses detritos que, posteriormente, depositam em local apropriado!
Para além das questões de mera higiene e de asseio fica-nos a sensação que há, por trás de tudo isso, um falta de respeito e, mesmo, de amor por essas terras que já deram de comer a tantas gerações e que, ainda hoje, são o primeiro suporte destas ilhas.
Seja por causa da actividade pecuária, seja por causa do turismo ou seja – simplesmente – por causa da nossa qualidade de vida. Sendo que um dos pilares básicos de qualquer actividade sustentável é o total respeito pelos recursos existentes.
Ou – por outras palavras – um crescimento sustentável só é possível se salvaguardarmos os nossos recursos de modo a que os vindouros também os possam vir a usufruir. O que não será, concerteza, o caso de uma paisagem infinda de sacos de rações e recipientes plásticos.
Será que ainda amamos, de verdade, a nossa Ilha?
P E D R O D A M A S C E N O
Desde sempre, os nossos agricultores tiveram um papel central na manutenção do ordenamento territorial das ilhas. Foram eles que modelaram, com suor e lágrimas, o que é hoje património da humanidade.
Foram eles que, com sensibilidade e bom senso, conquistaram, pedra a pedra, a terra que lhes permitiu sobreviver e criar as suas famílias. Terra com que estabeleceram uma relação reverencial.
Porque eles percebiam e sentiam que sómente uma relação de muita proximidade e respeito com a terra, lhes poderia assegurar sustentabilidade e, o mesmo é dizer, a sobrevivência.
Eram tempos muito duros em que as ligações com o exterior eram precárias e raras. Tinham, forçosamente, que depender da mãe-terra para tudo. Sentiam estas terras como a sua verdadeira casa, como o ventre da sua mãe.
Quem não se lembra, ainda, de velhos agricultores e do seu apego e verdadeiro amor à terra? Para eles, a terra era muito mais que um meio de sobrevivência – era um modo de vida, uma maneira muito especial de estar na vida.
Vida muito modesta mas temperada por uma dureza que lhe conferia um elevado grau de humanidade e de capacidade de entreajuda. Vida que, no entanto e felizmente, melhorou, a olhos vistos, nas últimas décadas.
E dá gosto ver a substancial elevação do nível de vida dos agricultores, desde a qualidade da habitação, ao poder de compra e à própria escolaridade. Bem longe vão os tempos de profunda modéstia em que viveram durante séculos.
Por tudo isto seria de esperar – pensamos nós – um maior cuidado e sensibilidade pela natureza e pelo ambiente que serão sempre, ao fim e ao cabo, o suporte da actividade agrícola.
Sendo, por conseguinte, com a maior mágoa que começamos a verificar, por toda a ilha, um total desleixo no tratamento do lixo resultante das explorações agrícolas nomeadamente dos sacos utilizados para as rações e fertilizantes, dos invólucros de medicamentos, das coberturas plásticas e, mesmo, de grades de madeira para transporte de carga.
As nossas terras começam a estar invadidas por todos esses detritos que condicionam, de forma crescente, a paisagem e dão uma péssima imagem de nós próprios. E já não é raro ver turistas a recolher esses detritos que, posteriormente, depositam em local apropriado!
Para além das questões de mera higiene e de asseio fica-nos a sensação que há, por trás de tudo isso, um falta de respeito e, mesmo, de amor por essas terras que já deram de comer a tantas gerações e que, ainda hoje, são o primeiro suporte destas ilhas.
Seja por causa da actividade pecuária, seja por causa do turismo ou seja – simplesmente – por causa da nossa qualidade de vida. Sendo que um dos pilares básicos de qualquer actividade sustentável é o total respeito pelos recursos existentes.
Ou – por outras palavras – um crescimento sustentável só é possível se salvaguardarmos os nossos recursos de modo a que os vindouros também os possam vir a usufruir. O que não será, concerteza, o caso de uma paisagem infinda de sacos de rações e recipientes plásticos.
Será que ainda amamos, de verdade, a nossa Ilha?
P E D R O D A M A S C E N O
3 comentários:
Parabens ao Autor deste Blog nascente que nos traz o ar do Pico...
Boa viagem nesta Blogesfera.
Um abraço
Manuel A. Santos
Obrigado.
Espero poder contar com alguns comentários!
Um abraço
PD
Parece que ninguem se apercebe do que está a acontecer a esta ilha!?
Está a degradar-se, estão a degradala, de dia para dia de uma forma assustadora.
Os politicos estão muitos satisfeitos com a declaração da unesco mas vão fechando os olhos a tanta barbaridade que se pratica por ai a todos os niveis.
Mas quem sou eu para falar!?
Só posso dizer Obrigado!
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