sábado, agosto 18, 2007

EDUCAÇÃO E RESILIÊNCIA

Resiliência é a capacidade de resistir a situações adversas (choque, stress, etc.)
Wikipédia


EDUCAÇÃO E RESILIÊNCIA




Resiliência é um daqueles “palavrões” que é fundamental reter apesar do seu uso, por incrível que pareça, não fazer parte do nosso quotidiano sobretudo em contextos educativos.

A resiliência – essa capacidade de enfrentar as dificuldades e a adversidade – é uma ferramenta essencial para garantir a sobrevivência sendo esta, por seu turno, o instinto mais forte dos seres vivos.

A vida não é fácil, apesar de todos os avanços científicos e tecnológicos, bastando apenas pensar nas secas e nas inundações que têm atingido o globo e criado tantas situações de precariedade e morte.

O stress, outro palavrão, mas este muito em uso, vem precisamente atestar as dificuldades da vida moderna. Que não sendo de sobrevivência imediata são, sobretudo, de qualidade de vida e de saúde.

Possivelmente, mais do nunca, a resiliência é um factor de sucesso e de felicidade num mundo altamente competitivo em que o ser humano se afasta do seu habitat natural para se integrar nas selvas de betão.

O êxodo da periferia para os centros urbanos é um fenómeno que, pelo menos em Portugal, não parece ter entrado em decréscimo. E viver em grandes centros urbanos é um desafio pesado em termos de qualidade de vida e de capacidade de resistência.

Todas as estatísticas de saúde aí estão a apontar o stress como grande factor provocador de doença e de morte, desde os acidentes cardiovasculares até às depressões não esquecendo, naturalmente, o flagelo do tabagismo e da droga.

O ser humano parece desprovido de ferramentas essenciais de defesa e sobrevivência num mundo como o nosso. Não morremos (pelo menos deste lado do mundo) tanto de fome ou de frio mas morremos – como tordos – de enfartos, cancros e outros mimos.

Circunstância que torna ainda menos compreensível a ausência da palavra resiliência das nossa famílias e das nossas escolas.

Os pais, talvez por falta de tempo e sentimentos de culpa, criam os filhos na convicção de que são uma espécie de génios de Aladine cuja função principal é satisfazer todos os seus desejos e tolerarem todas as suas birras e desaforos.

As crianças crescem, por conseguinte, com expectativas completamente irrealistas em relação ao futuro numa visão quase exclusivamente hedonista (o prazer pessoal como bem supremo) da vida. Para, depois, serem confrontados com uma realidade dura e altamente competitiva.

Nas escolas, com outros matizes, a situação é idêntica. Os alunos não são minimamente disciplinados nem adquirem competências cívicas. Voam por currículos frequentemente desprovidos de qualquer aplicação prática para aterrarem, de súbito, num mundo que não tem nada de banda desenhada ou de jogos de computadores.

Aterrando numa sociedade de consumo, pura e dura. Sendo organismos sem defesas que o facilitismo e mimo dos pais e o laxismo das escolas eliminaram. As defesas criam-se pela luta e pelo estímulo, nunca pela protecção excessiva e pela falta de disciplina.

A resiliência adquire-se pelo sacrifício, pela disciplina e pelo estímulo. Educação e resiliência têm, por isso, que ser as duas faces da mesma moeda. Só assim estaremos aptos a viver – pelo menos com alguma saúde e qualidade – o nosso futuro incerto.



P E D R O D A M A S C E N O

2 comentários:

Anónimo disse...

Dou-lhe os meus parabéns pelo interessante artigo que escreveu! Descobri-o numa pesquisa que fiz a resiliência, que acho deveria ser o objectivo maior na educação das nossas crianças!
Obrigada

EDNEAS ANDRADE disse...

ESTOU DESENVOLVENDO UMA PESQUISA SOBRE RESILIÊNCIA E SEU ARTIGO FOMENTOU MUITAS QUESTÕES INTERESSANTES PARA O MEU TRABALHO.
MUITO OBRIGADA E PARABÉNS.
EDNEAS ANDRADE, OLINDA, Pe