sexta-feira, dezembro 12, 2008

Declaração Universal dos Direitos do Homem

Declaração Universal dos Direitos do Homem
60 Anos de vida



Faz hoje 60 anos – 10 de Dezembro de 1948 – que foi aprovada a Declaração Universal dos Direitos do Homem, no rescaldo da II Guerra Mundial. Os horrores da guerra que terminava tinham legado um documento que visava construir um futuro em que tudo isso fosse banido.

Eleanor Roosevelt foi a grande impulsionadora do documento e um dos direitos consagrados punha o papel o conceito do direito à felicidade, porventura o mais ambicioso de todos. Um direito que é, também, a nossa maior ambição.

Mas infelizmente esse direito, quase utópico, continua como um miragem enquanto outros bem mais comezinhos como os simples e elementares direitos de liberdade e de integridade física continuam bem afastados de muitos áreas deste nosso conturbado planeta.

Nesta altura a Índia ainda tenta alcançar as consequências dos ataques terroristas de Bombaim; no Darfur continua-se a morrer de fome ou violência; a Somália abeira-se de uma tragédia igual; a birmanesa Aung San Suu Kyi continua presa na Birmânia; e não foram libertados milhares de reféns na Colômbia. O campo de Guantánamo ainda não foi fechado.

No Zimbabué, o tenebroso criminoso Robert Mugabe continua agarrado ao poder enquanto o seu povo morre de cólera e de fome e a inflação duplica todos os dias. Um cenário dantesco perante o qual a comunidade mundial se mostra impotente.

Na grande e impenetrável China – essa mesma dos milagres económicos – os direitos humanos, com declaração e tudo, continuam a ser letra morta. O tranquilo Tibete do Dalai Lama que o diga. A potência mundial de maior crescimento económico continua com o papel na gaveta.

Por cá os direitos, liberdades e garantias vão andando e, felizmente, vão longe estão os tempos do austero ditador de Santa Comba Dão. Mas as diferenças sociais continuam a aumentar e já há quem mande avisos à navegação, elegendo Salazar com o maior português!

O ambiente – condição essencial ao bem-estar e à felicidade – está como se sabe. Com muita gente que duvida ainda do aquecimento global e o acha um exagero dos ambientalistas, mesmo perante provas crescentes que algo vai muito mal com o nosso clima.

A droga, sobretudo as ditas pesadas, tornou-se um flagelo do dito mundo civilizado atingindo mesmo as nossas bucólicas e longínquas ilhas. Mesmo neste Pico que não é das ilhas de coesão mas que também não é das outras. Este mesmo Pico que continua com um miserável voo semanal no Natal enquanto outros tem duas mãos cheias.

Enfim, Eleanor Roosevelt tinha razão mas está visto que 60 anos foram bem poucos….

A nota final não pode ser negativa porque os níveis de conforto e de liberdade de muita gente melhorou dramaticamente. Mas, para muitos mais, este nosso mundo continua a ser um vale de lágrimas.

Os recursos aumentaram exponencialmente, as tecnologias evoluíram quase à velocidade da luz mas parece faltar-nos a alma para o resto que é muito, muito mais do que já se fez.





PEDRO DAMASCENO

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