sexta-feira, fevereiro 15, 2013

EUTANÁSIA ECONÓMICA


F A C E    O C U L T A



"Deus queira que [os idosos] não sejam forçados a viver até quando quiserem morrer. Eu sentir-me-ia muito mal sabendo que o tratamento estaria a ser pago pelo Governo”
Taro Aso - ministro japonês das Finanças




EUTANÁSIA  ECONÓMICA
Ou
Haraquíri Financeiro



            Segundo Taro Aso, novo ministro japonês das Finanças, os custos dos tratamentos, que prolongam a vida a pessoas com doenças sem recuperação, são desnecessários e penalizadores para a economia do país. Sem mais.

            Ou seja uma espécie de eutanásia económica: tudo o que é velho e não é para escapar deve morrer depressa e não fazer o estado gastar dinheiro. No fundo todos nós, já que não consta que alguém escape para sempre.

            Para além de pagar os impostos, directos e indirectos, deveriam os cidadãos ter consciência de que é antieconómico viver mais do que o estritamente necessário. Por outras palavras, desde que comecemos a dar chatices e despesas no ocaso das nossas vidas.

            Taro Aso acrescentou ter dado ordens à sua família para não tentarem prolongar a sua vida se adoecer! Afirmando que a sustentabilidade da segurança social passa por deixar os idosos morrer rapidamente.

E não consta que tenha sido exonerado ou se tenha demitido, para além das habituais desculpas esfarrapadas.

A um passo ficou por dizer, também, que é antieconómica qualquer investigação para o tratamento e prevenção das doenças relacionadas com a idade. E, possivelmente, que os promissores avanços no tratamento do cancro devem ser abandonados.
   
No fundo tratou-se de lançar o conceito de cidadão descartável em função da sua inutilidade produtiva e/ou do carácter crónico e irreversível das suas doenças devendo mesmo, ele próprio, sujeitar-se a um haraquíri financeiro.

Tudo isto acontece em 2013 num país supostamente civilizado!

Às malvas deveria ir, pois, todo o edifício da valorização do idoso – a nata do conhecimento e da experiencia de qualquer país. Arrasando o novo paradigma médico da longevidade com qualidade de vida.

Num contexto em que o grau de civismo e cultura de um país se mede justamente pelos cuidados que tem para com as crianças, os idosos e os deficientes – os grupos mais vulneráveis e susceptíveis à doença. Um dos pilares da cultura europeia e do estado responsável pelos seus cidadãos.

Prevê-se que, até 2050, o número de pessoas com mais de 65 anos na UE cresça 70% e o número de pessoas com mais de 80 anos aumente 170%. Um dos principais desafios do nosso século será, pois, satisfazer a maior procura de cuidados de saúde, adaptar os sistemas de saúde à nova realidade e manter viáveis estes sistemas numa sociedade com menos população activa.

E essa adaptação, para ser economicamente sustentável, não passa por deixar morrer os “velhos” mais depressa mas sim por promover o envelhecimento activo e saudável envolvendo investimentos na prevenção das doenças relacionadas com a idade e pela valorização do trabalho sénior numa perspectiva de flexibilidade e voluntariado.

As palavras do ministro japonês são cruéis, absurdas e inquietantes. Sobretudo não terem ocorrido numa qualquer república das bananas mas numa das mais fortes economias mundiais e terem sido proferidas por um alto responsável político que já foi primeiro-ministro.
           
            Vade retro Satanás!

           

P E D R O     D A  M  A  S  C  E  N  O      

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