quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Votar


Uma verdade amarga é mais doce do que uma mentira açucarada


V O T A R
Um dever de cidadania incontornável


Quando esta crónica sair, estará concluída a campanha eleitoral. Ficar-nos-á o sábado para meditar e o domingo para votar.

O Carnaval já lá vai, o Verão ainda não chegou e não haverá, realmente, nenhuma “boa” desculpa para não votar. Tirando as esfarrapadas tiradas do tipo “não quero saber da política” ou “eles são todos iguais” ficará, com o rabo de fora, uma incompreensível falta de cidadania e responsabilidade social matizada de puro comodismo.

Se é certo que se verifica, no nosso país, uma progressiva diminuição da qualidade do desempenho político não é menos certo que esse défice é consequência da nossa falta de participação cívica e da falta de motivação que muitos cidadãos capazes sentem frente a um eleitorado que, nem sequer ao simples “trabalho” de ir votar, se quer dar!

Talvez esta campanha eleitoral não tenha sido capaz de gerar grandes paixões e talvez os nossos actuais líderes partidários não consigam suscitar o entusiasmo que suscitavam os da velha guarda. Talvez se sinta cansaço por tantos ataques pessoais.

Talvez para muito de nós a liberdade de votar já se tenha tornado numa banalidade que até achamos que podemos dispensar. Mesmo para aqueles que ainda chegaram a sofrer na pele as discriminações e as injustiças de um regime autoritário.

Talvez para muitos jovens que já nasceram em democracia tudo isto seja uma “chatice” sobretudo se foram à discoteca no sábado à noite. Uma grande “seca” apesar de começarem a sentir as dificuldades de emprego e falta de oportunidades.

Mas o nosso futuro, queiramos ou não, depende, em grande parte, da administração que escolhermos para o nosso país. Se formos votar com paixão e convicção tanto melhor. E, se assim não for, bastará votar no mal menor ou mesmo votar em branco.

Mas nunca ficar em casa.

Todos devemos viver a vida com sentido de responsabilidade assumindo a nosso papel de cidadãos, de pleno direito, de uma comunidade. Só assim estaremos em condições de poder criticar e só assim poderemos exigir responsabilidades de terceiros.

Portugal é, como se tornou moda dizer, um país de treinadores de bancada. Toda a gente manda bocas e tem, na ponta da língua, solução para tudo. Os problemas aparecem é quando temos de passar da bancada para o campo. Aí, quase sempre, entramos mudos e saímos calados!

Como dissemos em crónica recente o Congresso da Cidadania foi uma semente preciosa, em boa hora, lançada entre nós. Veio chamar a nossa atenção para a imprescindibilidade da participação cívica e do envolvimento social responsável.

O próximo domingo é uma excelente oportunidade para pormos em prática essa participação e esse sentido de responsabilidade. Votar é, por excelência, um dever de cidadania incontornável.



P E D R O D A M A S C E N O