sexta-feira, abril 27, 2012

Imprescindibilidade da Indignação

                                                                                                                          I have a dream
                                                                                                                                                                  Martin Luther King

 Imprescindibilidade da Indignação
 (em vésperas do 25 de Abril)


 Bem longe estava eu de imaginar que, em vésperas do 25 de Abril, teria um dia de profunda indignação – essa parcela motora que comanda a cidadania e faz pular e avançar a democracia.

Quase no fim do 37º ano que ocorre depois da alvorada que se seguiu à noite cinzenta e austera que amordaçou este País durante 48 anos. A noite que nos “ensinou” a ser submissos, opacos e conformados (“capados”?).

Sendo triste, por isso, verificar que muitos dos tiques (vírus?) do Estado Novo ainda por aí andam à solta, sob a forma de autoritarismos iliteratos e/ou medos calculistas e cobardes.

 Os meus senhores (em nova roupagem) e os servos da gleba (em versão democrática), infelizmente, ainda não desapareceram.

Aos primeiros basta apanharem um bocadinho de farinha e já se julgam moleiros. Seja por causa de uma farda, de um balcão ou de um simples carimbo de amanuense.

 Os segundos continuam sem perceber a diferença entre autoritarismo e autoridade democrática. Agacham-se perante o primeiro e não respeitam a segunda.

É lamentável que, no ano da Graça de 2012, ainda seja possível que alguém - refugiado atrás de um telefone (oficial) e de uma farda – se recuse a fornecer a identificação ou considere intolerável uma qualquer sugestão. Ou se estique e use a palavra insinuação como forma da intimidação.

 Ou que um responsável pela condução de um transporte público, em contravenção grosseira, ache que não tem nada a ver com isso e se remeta ao mais básico autismo de quem tem, apenas, por si o argumento da força, neste caso do tamanho.

 Era totalmente possível pôr os nomes aos bois mas um jornal não serve para isso. Para isso serão usadas as respectivas instâncias legais e patronais. O jornal serve – sobretudo numa coluna de opinião – para exprimir um ponto de vista.

Que, neste caso, é denunciar a partir de caso concretos (sem especificar) a prepotência e a impunidade que ainda se fazem sentir neste País e nesta Região e os graves défices cívicos e de cidadania que tornam a nossa democracia bastante imperfeita.

O direito à indignação é parte integrante dos direitos, liberdades e garantias que a Constituição nos garante. Devendo ser a força motora e uma ferramenta indispensável do nosso contributo para o aperfeiçoamento e aprofundamento da democracia, enterrando os panos quentes.

Tudo isso está nas nossas mãos que jamais deveremos lavar com o argumento farisaico de que não estamos para nos chatear. O 25 de Abril deve ser uma data viva e não apenas mais um feriado para ir para a praia ou uma chatice na televisão.

Eu tenho um sonho.

PEDRO DAMASCENO