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A C E O C U L T A
Centro Hospitalar dos Açores
A reforma do SRS
A ideia,
agora lançada pela Secretaria Regional da Saúde, de fundir a administração
dos três hospitais da Região num centro hospitalar vem na sequência do que se
tem feito no País e é uma ideia com grande potencial positivo.
Medida
integrada numa proposta de reforma do Serviço Regional de Saúde (SRS) que
assenta, também, numa reformulação das competências dos Centros de Saúde (CS) e
sua diferenciação e na reorganização das Unidades de Saúde de Ilha (USI).
A
proposta de reestruturação do SRS avançada pelo Governo Regional vem trazer
conceitos que, não sendo novos, poderão fazer toda a diferença na qualidade da
prestação de cuidados médicos e na optimização de recursos.
Como é o
caso da criação de um Call Center (Centro de Atendimento Telefónico) que irá
atender os utentes 24 horas por dia/7 dias por semana e que poderá ser decisivo
para melhorar o acesso criterioso aos cuidados médicos, triando e dando
informações quanto aos procedimentos a adoptar.
E
voltando a acentuar a importância que a Telemedicina poderá ter numa região
arquipelágica propondo o conceito de teleconsultas e de teleconferências
médicas utilizando capacidades tecnológicas existentes que serão ainda
melhoradas com a instalação da fibra óptica em todas as ilhas e, desse modo,
evitando deslocações desnecessárias e dispendiosas.
Conceitos
como Rede de Referenciação, Gestão Profissionalizada, Sistema de Qualidade e
Melhoria Contínua, Normas de Orientação Clínica, Grupos de Diagnóstico
Homogéneos, Portal de Estatística, Carteira de Serviços, etc. são ideias que
poderão fazer toda a diferença na qualidade do SRS.
Retomando a
ideia da missão dos Centros de Saúde como entidades com responsabilidades nucleares
na promoção da saúde e na medicina comunitária, a proposta vem retomar o
conceito original que colocava os CS na linha da frente da prevenção da doença
e da melhoria da qualidade de vida.
Melhorar a
qualidade e fiabilidade do SRS não passa necessariamente por gastar mais
dinheiro mas por optimizar os recursos existentes e por investir nos avanços
tecnológicos que venham a permitir essa optimização num contexto de gestão
profissionalizada.
Os recursos que
hoje se perdem na desarticulação entre as numerosas capacidades instaladas
geram custos, por vezes astronómicos, e não garantem a boa qualidade de
prestação de serviços. Desarticulação que só poderá ser evitada com um sistema
integrado e baseado numa rede informática robusta e fiável, mas simples no
acesso e manipulação.
A grande
poupança no SRS e, simultaneamente, a sua melhoria terá que assentar em
cuidados básicos de excelência como factor indispensável na prevenção da doença
e na promoção da saúde, na implementação de recursos tecnológicos de ponta e na
profissionalização da gestão, articulando tudo aquilo que hoje se encontra
disperso e, tantas vezes, duplicado.
Era importante,
agora, que a proposta que se encontra na mesa fosse objecto de um grande e
profundo debate regional que lhe viesse a conferir o indispensável consenso
nomeadamente por parte dos profissionais do sector e das várias forças
políticas. De modo a que se passasse rapidamente das palavras ao actos.
Uma boa ideia
pode morrer na praia.
P E D R O D A M A S C E N O