sexta-feira, maio 17, 2013

Centro Hospitalar dos Açores


F A C E    O C U L T A


                                                                             
                              



Centro Hospitalar dos Açores
A reforma do SRS




            A ideia, agora lançada pela Secretaria Regional da Saúde, de fundir a administração dos três hospitais da Região num centro hospitalar vem na sequência do que se tem feito no País e é uma ideia com grande potencial positivo.

            Medida integrada numa proposta de reforma do Serviço Regional de Saúde (SRS) que assenta, também, numa reformulação das competências dos Centros de Saúde (CS) e sua diferenciação e na reorganização das Unidades de Saúde de Ilha (USI).

            A proposta de reestruturação do SRS avançada pelo Governo Regional vem trazer conceitos que, não sendo novos, poderão fazer toda a diferença na qualidade da prestação de cuidados médicos e na optimização de recursos.

            Como é o caso da criação de um Call Center (Centro de Atendimento Telefónico) que irá atender os utentes 24 horas por dia/7 dias por semana e que poderá ser decisivo para melhorar o acesso criterioso aos cuidados médicos, triando e dando informações quanto aos procedimentos a adoptar.

            E voltando a acentuar a importância que a Telemedicina poderá ter numa região arquipelágica propondo o conceito de teleconsultas e de teleconferências médicas utilizando capacidades tecnológicas existentes que serão ainda melhoradas com a instalação da fibra óptica em todas as ilhas e, desse modo, evitando deslocações desnecessárias e dispendiosas.

            Conceitos como Rede de Referenciação, Gestão Profissionalizada, Sistema de Qualidade e Melhoria Contínua, Normas de Orientação Clínica, Grupos de Diagnóstico Homogéneos, Portal de Estatística, Carteira de Serviços, etc. são ideias que poderão fazer toda a diferença na qualidade do SRS.

           
Retomando a ideia da missão dos Centros de Saúde como entidades com responsabilidades nucleares na promoção da saúde e na medicina comunitária, a proposta vem retomar o conceito original que colocava os CS na linha da frente da prevenção da doença e da melhoria da qualidade de vida.

Melhorar a qualidade e fiabilidade do SRS não passa necessariamente por gastar mais dinheiro mas por optimizar os recursos existentes e por investir nos avanços tecnológicos que venham a permitir essa optimização num contexto de gestão profissionalizada.

Os recursos que hoje se perdem na desarticulação entre as numerosas capacidades instaladas geram custos, por vezes astronómicos, e não garantem a boa qualidade de prestação de serviços. Desarticulação que só poderá ser evitada com um sistema integrado e baseado numa rede informática robusta e fiável, mas simples no acesso e manipulação.

A grande poupança no SRS e, simultaneamente, a sua melhoria terá que assentar em cuidados básicos de excelência como factor indispensável na prevenção da doença e na promoção da saúde, na implementação de recursos tecnológicos de ponta e na profissionalização da gestão, articulando tudo aquilo que hoje se encontra disperso e, tantas vezes, duplicado.

Era importante, agora, que a proposta que se encontra na mesa fosse objecto de um grande e profundo debate regional que lhe viesse a conferir o indispensável consenso nomeadamente por parte dos profissionais do sector e das várias forças políticas. De modo a que se passasse rapidamente das palavras ao actos.

Uma boa ideia pode morrer na praia.

                   
           

P E D R O    D A M A S C E N O
           
           
            

sexta-feira, maio 03, 2013

HOTEL PICO


FACE  OCULTA




HOTEL PICO
A farsa continua



            Passados cinco anos sobre o seu encerramento, e apesar da degradação galopante, o Hotel Pico continua a figurar na página da internet da empresa proprietária como se nada se passasse (salvo lacónica mensagem de temporariamente encerrado para obras!...) E figura mesmo na publicidade inserida, por exemplo, no último número do Jornal do Pico!

            Dado não haver destino conhecido para uma unidade que foi a menina-dos-olhos do grande pioneiro do turismo na Ilha do Pico tal comportamento, para além de ser flagrante publicidade enganosa, indicia uma atitude fraudulenta de quem quer parecer o que não é tentando tapar o sol com a peneira.

            Toda a gente já percebeu que o Hotel do Pico está no seu leite morte com atestado de óbito passado e que não há qualquer solução à vista para um imóvel que poderia ter tido uma série de outras funções, não excluindo mesmo o turismo. Impune o seu encerramento e expurgadas todas as responsabilidades ficou mesmo assim.

            Afinal o que quer a empresa proprietária? O que pretende com este faz de conta?

            O embuste promocional em que insiste deixa ficar mal, também, o Pico já que é o palco de uma encenação  que em nada beneficia a credibilidade do sector numa ilha que se afirma como líder do crescimento turístico nos Açores. A existência de um hotel fantasma é uma nódoa difícil de entender e muito menos de suportar quando se pretende construir um destino de excelência.

            O rei vai nu, toda a gente já viu mas parece que ninguém se importa.

            Aonde estão as entidades fiscalizadoras? Aonde estão as entidades licenciadoras? Aonde estão as atitudes cívicas e políticas mais do que justificadas? Como é possível deixar degradar completamente um imóvel de tais dimensões numa terra de tão poucos recursos?

            O caso do Hotel Pico é bem ilustrativo de um estado de coisas que fazem mais parte do lado psicológico da crise do que propriamente desta. Aqui não se trata de um filho da crise como parece estar a acontecer noutras ilhas. Aqui trata-se simplesmente de uma maneira de estar nas empresas e no turismo que merece o mais vivo repúdio.

            Se é para o deixar cair que se imploda. Se é para o recuperar que isso seja assumido formalmente e não se deixe desbaratar mais o património. Se é para transacionar que se iniciem as negociações ou, de preferência, se ponha à venda em hasta pública,


            Um hotel com esta dimensão faz falta à ilha já que a hotelaria tradicional é indispensável, mesmo num destino de natureza como é o Pico. A matriz do turismo terá de ser sempre de caracter tradicional para um destino ganhar músculo e escala. As pequenas unidades são um fator diferenciador importante como está provado mas não chegam.

            Espera-se que a filosofia empresarial que parece estar no centro das preocupações para o sector do atual governo venha ajudar a registar esta intolerável anomalia que há muito deveria ter sido equacionada e resolvida.




PEDRO  DAMASCENO