sexta-feira, julho 22, 2011

SILÊNCIO ENSURDECEDOR

SILÊNCIO ENSURDECEDOR


“A esquadra da PSP das Mercês, em Lisboa, ficou quinta-feira sem efectivos, depois de 35 agentes terem metido baixa médica, obrigando ao recurso a outros polícias, uma situação que vai durar mais alguns dias, admitiu fonte da Direcção-Nacional” Jornal de Notícias Julho 2011
Não sendo preciso ser medico nem especialmente perspicaz para perceber que se tratam de baixas fraudulentas. Bastando apenas saber que os 35 agentes ficaram todos “doentes” no mesmo dia!

35 agentes que acabaram por ser 80 porque o mesmo aconteceu na esquadra do Cais de Sodré tendo esta e da Bairro alto ficado 24 horas sem qualquer capacidade operacional.

Sendo também sabido que por “coincidência” essas baixas ocorreram dois dias após a condenação a prisão efectiva de dois polícias por agressão a um estudante alemão naquela esquadra.

Sendo, por conseguinte, claro que se tratou de um acto ilícito colectivo exercido por quem está pago para cumprir e fazer cumprir a lei.

Sem questionar os motivos que estiveram por trás desse acto estamos perante uma situação de total anormalidade. Profissionais de saúde, em evidente quebra ética, utilizaram uma prerrogativa profissional para, lesando o estado, desenrascar profissionais da polícia. E estes serviram-se de um expediente ilegal para protestarem corporativamente ou simplesmente irem para a praia.

O que sendo em si muito grave assume insólita gravidade quando sobre tudo isto caiu um pano espesso de silêncio não se tendo ouvido até à data qualquer tomada de posição nem da parte do Ministério da Administração Interna nem da Ordem dos Médicos.

Tudo levando a crer que o que se deveria ter tornado num caso exemplar de actuação perante um situação ridícula num estado de direito (nem o saudoso Raul Solnado teria feito melhor) se arrisca ficar mesmo assim, branqueando publicamente a baixa falsa e a intolerável falta de disciplina e sentido de responsabilidade de quem devia ser o guardião de legalidade e da ordem publica.

Com certeza que a PSP tem muitos e conhecidos problemas para o exercício das suas funções grande parte dos quais se prendem com uma Justiça que reconhecidamente não cumpre cabal e atempadamente o seu mister e com um Estado que não lhe garante, frequentemente, meios imprescindíveis para a sua actuação.

Com certeza que há profissionais de saúde que são vítimas de simulações e manipulações difíceis de detectar nomeadamente quando partem de cidadãos teoricamente insuspeitos.

Mas nada justifica que tamanha enormidade, com laivos de insurreição, venha a passar impune, com toda a gente a assobiar para o lado.

É assim que se mina completamente a credibilidade do estado de direito e dos políticos. Paulatinamente. Mas com casos completamente inverosímeis que deveriam ser exemplares para trazer de volta à vida pública práticas de cidadania e isenção.

É verdadeiramente intolerável o silêncio ensurdecedor que caiu sobre este caso.

P E D R O D A M A S C E N O