sexta-feira, outubro 06, 2006

Turismo - uma actividade transversal

Turismo – uma actividade transversal



O turismo – actividade económica que se pretende venha a ter grande expressão na Região – é, tipicamente, um produto de características transversais que apanha todos os sectores de actividade. Desde os transportes ao comércio e às telecomunicações, passando pela saúde.

O êxito dessa actividade não dependerá, apenas, da qualidade dos alojamentos, da restauração e da animação. Dependerá, porventura ainda mais, do modo como a comunidade se comportar perante o turista, aos mais variados níveis.

Um dos argumentos de venda mais importantes para turismo açoriano é a qualidade do nosso ambiente/natureza. Área que tipicamente é da responsabilidade do estado e das autarquias. Aí os privados pouco ou nada podem fazer para além de manterem os seus espaços devidamente integrados.

Para os Açores a natureza e a qualidade do ambiente são questões de sobrevivência. A Região pouco mais poderá oferecer: o clima embora ameno é instável e praias são poucas e a milhares de anos de luz de outras paragens.

Infelizmente, contudo, muito há fazer para garantir a qualidade do ambiente e da natureza. Começando pelas questões elementares do lixo e do asseio público e acabando na construção desordenada e atípica que alastra por todo o arquipélago.

Não existindo, como devia, qualquer política, consistente e permanente, de educação ambiental fica, desse modo, aberta a porta à morte prematura da galinha de ovos de oiro do turismo açoriano. Sendo fundamental que as pessoas percebam as razões que determinam a importância da qualidade ambiental que não é, apenas, uma esquisitice de alguns.

Havendo também, com frequência, situações que descredibilizam os poderes públicos como é o caso de uma unidade turística de elevada qualidade e com evidentes preocupações ambientais – Pocinho Bay – que vê instalada na sua fantástica linha de vista para o mar e para o Faial nem mais menos que linhas eléctricas aéreas montadas em horrorosos postes de betão!

Um exemplo flagrante de uma iniciativa pública a pôr em causa, de forma lamentável, uma iniciativa privada que fica impotente perante um verdadeiro atentado ao ambiente e ao mais elementar bom senso e sentido de segurança. Trata-se de uma área a pouco metros do mar e que é por ele, repetidamente, atingida.

Dificilmente um turista de segmento alto – daqueles que queremos para os Açores – poderá perceber a falta de sensibilidade e responsabilidade que, no século XXI, está por trás de tão desnecessária aberração. Um exemplo bem objectivo de como uma má solução pública pode pôr em causa uma boa iniciativa privada.

Os poderes públicos – se quisermos ter turismo a sério – têm que tomar atitudes pro-activas que defendam a qualidade do ambiente ganhando, desse modo, credibilidade para poderem depois exigir do sector privado projectos e iniciativas de qualidade superior e assegurarem, mesmo, a aplicação da lei.

Não esquecendo, entretanto, a insegurança rodoviária que cada vez mais se vive no Pico. Desrespeito sistemático do código de estrada com criação de situações de grande perigo à mistura com camiões TIR que resolvem fazer das estradas da Ilha verdadeiras pistas de rally. Perante a complacência habitual da polícia que, de vez em quando, instala umas máquinas de registo de velocidade.

Pobre do turista que alugue um carro sem condutor. Não ganha, de certeza, para o susto!...





P E D R O D A M A S C E N O

Sem comentários: