FACE
OCULTA
«Um aliado tem
de ser vigiado da mesma maneira que um inimigo»
Leon Trostky
AD-AÇORES: ARREMEDO
DE «SÁ CARNEIRO» REGIONAL
As coincidências são mais do que
muitas para não passarem apenas disso. Até o PPM, partido que nunca teve
qualquer expressão na Região, foram buscar.
Contudo há, também, diferenças
consideráveis que podem tornar a AD – Açores numa imitação, de duvidosa
qualidade. Para além do indiscutível mérito de ser mais uma força política a
oferecer os seus préstimos ao eleitorado açoriano, poderá haver dúvidas
legítimas quanto ao seu futuro desempenho na política regional.
Desde logo porque tem como matriz o
CDS, partido que sempre tem tido prestações eleitorais muito baixas. De seguida
porque como uma força que tem essencialmente como referência a ilha Terceira,
facto que lhe retira, uma base regional de apoio.
Mas as dificuldades não ficam por
aí. É uma força que procura colher votos no eleitorado PSD, mas excluindo este
partido. Ou seja vai buscar dissidentes deste partido pra funcionarem como «a
peninha no chapéu». Trata-se, portanto, de uma AD sem PDS, mas a fingir que o
tem.
Naturalmente que quando escolheram o
nome AD – Açores, os seus mentores não o fizeram por mero acaso mas por motivos
políticos e que seriam, mutatis mutandi, os da AD de Sá Carneiro, contudo o que
a AD – Açores pretende não é, evidentemente, a constituição de um bloco de
centro direita para vencer a esquerda liderada para vencer o Partido
Socialista. Mas quase o contrário: ajudar aquele partido a derrubar o PSD.
Circunstância que torna a escolha do nome difícil de perceber, a menos que se
esteja perante uma perfeita demagogia destinada a capitalizar o saudosismo de
certas camadas de eleitores sociais-democratas.
A AD – Açores mostra-se determinada
a participar no derrube de Mota Amaral, mas propõe-se conseguir esse objectivo
usando, até ao pormenor, num modelo conhecido para derrubar o PS e a esquerda.
Determinação esta que levou mesmo a que o CDS cedesse a liderança desse
dissidente de última hora do PSD e, ainda por cima, uma ex-figura de proa do
estado laranja regional que essa mesma AD pretende derrubar!
É o que, com propriedade, poderíamos
designar de «tratar o bicho com o pelo do mesmo animal»!
Se a AD – Açores o inimigo número um
é o PSD/Mota Amaral porque não se coligou o CDS com o PS em torno da
candidatura de Mário Machado? Porque se refugiou atrás de argumentos de ordem
ética e correu a servir de base de apoio aos novos políticos de um dos grandes responsáveis
pela actual situação política regional?
Será difícil que alguém venha a
acreditar na validade política de uma proposta que pretende ser um frentismo
anti- Mota Amaral, mas que tem no seu interior o vírus da doença da Sida,
dando-lhes transfusões de sangue infectado com a doença.
O CDS pese, embora, a pequenez do
seu grupo parlamentar na Assembleia Legislativa Regional deu contributos muito
válidos quer para a melhoria do funcionamento daquele órgão quer para a vida
política regional. Como também é sabido o CDS conta, entre os seus militantes,
com quadros técnicos de valor reconhecido a que, inclusive, abriram e abrem o
apetite do PS e de Mário Machado.
Porquê, então, a estratégia seguida?
Será sina dos partidos da oposição regional, hipotecarem os seus líderes e
dirigentes máximos e os seus princípios a hipotéticos ganhos eleitorais?
Será que o CDS acredita que poderá
vir a desempenhar um papel de partido charneira na próxima assembleia,
preparando-se para negociar o poder com um PDS enfraquecido e sem maioria
absoluta? Ou será que não tendo, pudicamente, querido entrar na «nave» Mário
Machado, se prepara para o obrigar a baixar a bola, eventualidade de ele ter de
formar um governo de coligação?
E quanto ao cabeça de cartaz da AD –
Açores?
Não discutimos as razões do Dr.
Borges de Carvalho porque essas são óbvias. Só não percebe quem não quiser.
Fica-nos, apenas, a dúvida de qual é
o seu objectivo final: simplesmente manter um lugar ao sol na política regional
ou um regresso triunfal a um PSD, órfão, desorientado e vergado pela derrota?
AD – Açores: arremedo de «Sá
Carneiro» regional?
P
E D R O D A M A S C E N O
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