E S T Ó R I A S D E T U R I S M O
I
Aeroporto de Lisboa – Ano da Graça de 2003 – principal porta de entrada de turistas em Portugal com os carros de bagagem, impecavelmente alinhados em fila indiana. À frente da cada fila, um reluzente caça níqueis, ou melhor caça euros, única via para conseguir um desses inestimáveis poupadores das nossas colunas. Pouco ou nada interessando se proveniente de Singapura ou de Katmandou ou se, pura e simplesmente, exausto. Ou o euro ou nada e malas às costas que se faz tarde!
Apesar das taxas de aeroporto e das proverbiais faltas de conforto com que os passageiros que permaneçam no aeroporto de Lisboa, por algum tempo, têm de se confrontar ainda havia mais um empecilho a criar! Porque não se tratar de pagar mais um euro ou menos um euro. Trata-se, simplesmente, de uma intolerável exigência pelos incômodos que causa: ter ou não ter euros trocados, ter ou não essa moeda, etc, etc. Imagine-se a confusão que tal iria criar em aeroportos super movimentados como o de Heathrow em Londres.
Se a as taxas não chegam para prestar esse serviço aos passageiros que se subam as ditas ou, então, que se recorra à instituição nacional que é o subsídio. Ao fim e ao cabo serve para tanta coisa. Mas que se libertem os carros dos seus reluzentes carris e que se devolva a quem chega o usufruto de um bem indispensável e que, ao fim e ao cabo, poderá ser a chave para uma boa primeira impressão para quem chega a um país que pretende aumentar a sua quota do turismo mundial de qualidade.
II
Que pensar de listas de espera na TAP para fazer uma simples viagem Londres-Lisboa-Londres que se arrastam por meses? Mais concretamente, reservas em feitas em fins de Abril que até esta data não foi possível, ainda, confirmar e que se destinam a uma viagem para os fins de Julho! Será possível nos tempos rápidos que correm planear umas férias com mais de dois meses e meio de antecedência?
É dos livros – toda a gente sabe – que o segundo passo depois de atrair a atenção de um potencial cliente é manter esse interesse e transforma-lo numa opção de compra. Como será possível manter o interesse de um potencial visitante dos Açores se, depois de todo este tempo, ainda não sabe se vai poder fazer a viagem?! É liminarmente impossível a menos que exista um interesse muito específico e forte. O cliente irá, de outro modo, desistir e escolher outro destino.
Sabendo que esta época é a nossa oportunidade de ouro de fazer negócios e tendo em conta o ano de recessão que se vive no sector é escandaloso que existam situações destas. Afinal de contas não existem turistas ou será que é tão difícil cá chegar que metade desiste pelo caminho? São estas “pequenas” coisas que podem fazer um destino ou destruí-lo. Sobretudo quando nos vemos a braços com concorrências implacáveis que não brincam em serviço e que sabem quanto custa, a prazo, defraudar potenciais clientes/visitantes.
III
Bem, mas imaginemos que tudo correu bem, que os visitantes acabaram por conseguir confirmar as reservas, mantiveram o interesse na viagem e que cá chegaram, sãos e salvos. Para, finalmente, usufruírem das nossas belezas naturais e tranquilidade, principais razões da sua visita.
E eis que eles aí vão à conquista da ilha, no seu carro sem condutor e entregues a si mesmo, depois de não terem conseguido adquirir um mapa, minimamente detalhado e preciso. Tendo que confiar num pequeno mapa desactualizado, parco em detalhes e numa escala de consulta difícil.
Apenas, para em breve, descobrirem que a sinaléctica ou não existe ou é extremamente confusa para quem não conhece bem a ilha. Que apesar do Pico aspirar a um lugar ao sol no turismo açoriano ainda não houve engenho, arte e, possivelmente, vontade para o dotar de um conjunto de sinais inteligíveis, visíveis e, já agora, em mais de uma língua. Sobretudo no interior/planalto da ilha. Terá que ser tudo por tentativa e erro com a ajuda de alguns passantes de boa vontade.
E também para descobrirem que o que nos vale a todos nós é que o trânsito viário é escasso. Porque se não fosse teríamos que enfrentar a morte a cada curva ou a cada cruzamento. Isso de prioridades, condução sensata, respeito pelo código da estrada é letra morta. Polícia existe mas, invariavelmente, aonde não é preciso. Por isso se estaciona em qualquer lugar, incluindo curvas ou lombas, ou se fazem manobras perigosas a torto e a direito na maior impunidade.
Estórias do dia a dia do nosso turismo que teima em não acertar o passo com as incontornáveis necessidades de qualidade e eficiência para um mercado, crescentemente, exigente.
P E D R O D A M A S C E N O
I
Aeroporto de Lisboa – Ano da Graça de 2003 – principal porta de entrada de turistas em Portugal com os carros de bagagem, impecavelmente alinhados em fila indiana. À frente da cada fila, um reluzente caça níqueis, ou melhor caça euros, única via para conseguir um desses inestimáveis poupadores das nossas colunas. Pouco ou nada interessando se proveniente de Singapura ou de Katmandou ou se, pura e simplesmente, exausto. Ou o euro ou nada e malas às costas que se faz tarde!
Apesar das taxas de aeroporto e das proverbiais faltas de conforto com que os passageiros que permaneçam no aeroporto de Lisboa, por algum tempo, têm de se confrontar ainda havia mais um empecilho a criar! Porque não se tratar de pagar mais um euro ou menos um euro. Trata-se, simplesmente, de uma intolerável exigência pelos incômodos que causa: ter ou não ter euros trocados, ter ou não essa moeda, etc, etc. Imagine-se a confusão que tal iria criar em aeroportos super movimentados como o de Heathrow em Londres.
Se a as taxas não chegam para prestar esse serviço aos passageiros que se subam as ditas ou, então, que se recorra à instituição nacional que é o subsídio. Ao fim e ao cabo serve para tanta coisa. Mas que se libertem os carros dos seus reluzentes carris e que se devolva a quem chega o usufruto de um bem indispensável e que, ao fim e ao cabo, poderá ser a chave para uma boa primeira impressão para quem chega a um país que pretende aumentar a sua quota do turismo mundial de qualidade.
II
Que pensar de listas de espera na TAP para fazer uma simples viagem Londres-Lisboa-Londres que se arrastam por meses? Mais concretamente, reservas em feitas em fins de Abril que até esta data não foi possível, ainda, confirmar e que se destinam a uma viagem para os fins de Julho! Será possível nos tempos rápidos que correm planear umas férias com mais de dois meses e meio de antecedência?
É dos livros – toda a gente sabe – que o segundo passo depois de atrair a atenção de um potencial cliente é manter esse interesse e transforma-lo numa opção de compra. Como será possível manter o interesse de um potencial visitante dos Açores se, depois de todo este tempo, ainda não sabe se vai poder fazer a viagem?! É liminarmente impossível a menos que exista um interesse muito específico e forte. O cliente irá, de outro modo, desistir e escolher outro destino.
Sabendo que esta época é a nossa oportunidade de ouro de fazer negócios e tendo em conta o ano de recessão que se vive no sector é escandaloso que existam situações destas. Afinal de contas não existem turistas ou será que é tão difícil cá chegar que metade desiste pelo caminho? São estas “pequenas” coisas que podem fazer um destino ou destruí-lo. Sobretudo quando nos vemos a braços com concorrências implacáveis que não brincam em serviço e que sabem quanto custa, a prazo, defraudar potenciais clientes/visitantes.
III
Bem, mas imaginemos que tudo correu bem, que os visitantes acabaram por conseguir confirmar as reservas, mantiveram o interesse na viagem e que cá chegaram, sãos e salvos. Para, finalmente, usufruírem das nossas belezas naturais e tranquilidade, principais razões da sua visita.
E eis que eles aí vão à conquista da ilha, no seu carro sem condutor e entregues a si mesmo, depois de não terem conseguido adquirir um mapa, minimamente detalhado e preciso. Tendo que confiar num pequeno mapa desactualizado, parco em detalhes e numa escala de consulta difícil.
Apenas, para em breve, descobrirem que a sinaléctica ou não existe ou é extremamente confusa para quem não conhece bem a ilha. Que apesar do Pico aspirar a um lugar ao sol no turismo açoriano ainda não houve engenho, arte e, possivelmente, vontade para o dotar de um conjunto de sinais inteligíveis, visíveis e, já agora, em mais de uma língua. Sobretudo no interior/planalto da ilha. Terá que ser tudo por tentativa e erro com a ajuda de alguns passantes de boa vontade.
E também para descobrirem que o que nos vale a todos nós é que o trânsito viário é escasso. Porque se não fosse teríamos que enfrentar a morte a cada curva ou a cada cruzamento. Isso de prioridades, condução sensata, respeito pelo código da estrada é letra morta. Polícia existe mas, invariavelmente, aonde não é preciso. Por isso se estaciona em qualquer lugar, incluindo curvas ou lombas, ou se fazem manobras perigosas a torto e a direito na maior impunidade.
Estórias do dia a dia do nosso turismo que teima em não acertar o passo com as incontornáveis necessidades de qualidade e eficiência para um mercado, crescentemente, exigente.
P E D R O D A M A S C E N O
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