Chegaram ao Pico os Patos Bravos ?
Desde há algum tempo, têm surgido notícias sobre súbitas e avultadas intenções de investimento no turismo, sobretudo no concelho das Lajes do Pico.
Quase de surpresa a nossa pacata urbe é surpreendida por “esmolas” de vultuosas centenas de novos quartos em grandes unidades hoteleiras convencionais. Como por mágica o nosso desenvolvimento, em banho maria, é, de súbito, atordoado por uma chuva literal de projectos de grandes dimensões que, por junto, ultrapassam os quartos, presentemente, existentes na ilha!
Coisa que, para algumas cabeças excessivamente optimistas, tem a ver como o novo aeroporto. Como se o novo aeroporto, cuja importância fundamental não se contesta de todo em todo, fosse uma varinha mágica. Bem que o Faial o possui há tantos anos e que, por si só, não foi capaz proporcionar o salto qualitativo no turismo daquela ilha.
Mas que para outras, porventura mais avisadas, pode querer dizer que o Pico se tornou num alvo apetecível de quem se quer colocar numa boa posição na grelha de partida da possível explosão turística do Pico para apanhar, ainda, o comboio dos subsídios e das benesses autárquicas. Sem outras preocupações e, muito menos, de desenvolvimento sustentável.
Desenvolvimento sustentável que implica, necessariamente, equilíbrio entre os benefícios económicos e os custos ambientais e socioculturais. E que, por outro lado, assegure o aumento da qualidade de vida das populações residentes e os efeitos multiplicadores do turismo. Ou seja as antípodas dos Algarves, das Madeiras e dos Benidormes.
A riqueza do Pico consiste na associação da sua esplendorosa natureza com uma ruralidade cativante. Não somos, e ainda bem, um destino de sol e praia. Somos um diamante em bruto que terá de burilado com todo o cuidado e perícia. Teremos que ser um destino de pequenas coisas, bem pensadas e bem feitas. O nosso mercado terá de ser o dos conhecedores dos pequenos sítios simpáticos que ainda, poucos, existem por esse mundo fora.
O nosso crescimento turístico terá que ser lento e progressivo para ganhar sustentabilidade. Jamais fruto da gula desenfreada de quem apenas pensa nos ganhos, a curto prazo e a qualquer preço.
Não devemos ser velhos-do- restelo mas, ainda menos, parvos.
Chegaram ao Pico os patos bravos?
P E D R O D A M A S C E N O
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