terça-feira, março 30, 2004

O Clube dos "A gente não pode fazer nada"

O Clube dos “A gente não pode fazer nada”


Um dos bens de que nos podíamos orgulhar – nos Açores - era a segurança. Bem, álias precioso, para quem pretenda transformar a Região num destino turístico diferente, sobretudo em dias em que a segurança começa a tornar-se num bem de primeira necessidade.

Mas, tudo leva a crer, um bem em extinção, também entre nós. O pequeno crime, os actos de vandalismos, a total indisciplina e insegurança na estrada, o consumo de droga crescem, exponencialmente, nestas ilhas, até há bem pouco tempo, pacatas. Desde Ponta Delgada, aonde começa a ser problemático andar sózinho a certas horas, até às ilhas mais pequenas e rurais.

Tudo isto perante a complacência e a indiferença das forças de segurança acantonadas nas suas “repartições”, progressivamente idênticas a tantas outras aonde se pratica a lei do menor esforço e do ordenado que já está no bolso. E aquilo que ainda é perfeitamente controlável começa a tomar proporções preocupantes.

Doia a quem doer a nossa polícia não aparece, não actua e parece decapitada de qualquer comando que assegure que essa cultura de indiferença e irresponsabilidade tenha fim. Sá assim se percebe que - apesar dos artigos de opinião que surgem, quase diariamente, na nossa imprensa - tudo continue na mesma.

Só assim se percebe que a mesma polícia que, simultaneamente, assume posturas de arrogância e mesmo de má educação se mostre, súbitamente, incapaz de resolver assuntos da maior banalidade refugiando-se, quase sempre, atrás de chavões como “a gente não pode fazer nada”, “não temos meios”, ou ainda “não temos efectivos”.

Das duas uma: ou a PSP passa a a ter meios e efectivos e a poder fazer as coisas ou então, pura e simplesmente, não é precisa. Bastará, apenas, uma repartição para tomar conta das ocorrencias e uns fiscais de papeis e radares nas estradas. O que ficará, para além de tudo, muito mais barato a todos nós.
Um das caracteristicas fundamentais de um estado de direito é, justamente, a segurança de pessoas e bens e o cumprimento da lei. Objectivos só possíveis com a e existência de forças policiais devidamente preparadas para o exercício de funções que implicam empenhamento, sentido de responsabilidade e uma preparação cívica exemplar. Ser polícia não pode continuar a ser, apenas, uma saída profissional para quem não conseguiu melhor.

O País e os Açores precisam de segurança, protecção e muita pedagogia cívica. Não, certamente, de um mero Clube dos “ A gente não pode fazer nada”.

PEDRO DAMASCENO



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