terça-feira, março 16, 2004

O Crime de Madrid

O Crime de Madrid
(tratar os bois pelo nome)


O nacionalismo basco é absurdo; e o mundo islâmico é uma civilização medieval e falhada.
Pulido Pulido Valente



Quer concordemos ou não com a guerra no Iraque, com o nacionalismo basco, com o fundamentalismo muçulmano ou com o “imperialismo” americano o que se passou em Madrid no passado dia 11 foi “apenas” um crime gravíssimo que nenhum tipo de argumento político poderá branquear trazendo-o para a órbita de qualquer outro contexto que não seja o combate, sem tréguas, ao crime organizado.

E jamais o conceito de estado de direito – como o entendemos na Europa - poderá dar cobertura a atitudes brandas ou de putativo diálogo sob pena de estramos a dar o ouro ao bandido. Sem cair na tentação de enveredar por cowboyadas teremos que exigir dos nossos serviços de informações e investigação um trabalho urgente, profundo e competente. Qualquer coisa nas antípodas do trabalho que fizeram em relação ao Iraque.

Esses serviços, que são públicos e pagos por todos nós, não poderão continuar a prestar-se ao papel caricato de dizerem aos politicos aquilo que eles querem ouvir. Justamente como aconteceu com as armas de destruição maciça. Numa época de tecnologia de ponta e de recursos vultuosos não faz qualquer sentido que os serviços secretos não sejam de um total profissionalismo e eficiência.

A menos que existam razões de “conveniência” política ou de pura incompetência tudo o que aconteceu em Madrid terá que ser esclarecido em dois tempos e os resultados tornados públicos com vista à identificação e punição dos culpados. Porque ninguém, minimamente informado, pode aceitar qualquer outro caminho. Os meios e as tecnologias existem logo terá que haver também uma determinação profunda e incontornável.

E não poderá haver qualquer contemplação na perseguição dos culpados. Embora dentro das regras que se esperam de uma sociedade civilizada não se poderá no ridículo de tratar com paninhos quentes quem não respeita a lei ou os príncipios da convivencia democrática. O crime não pode jamais compensar sobretudo em casos hediondos como este. Que se contractem os melhores profissionais e se lhes proporcionem os maiores meios com outro fim que não sejam os de identificar e prender os culpados e trazê-los à justiça.

Tudo isto num contexto em que não podem entrar em linha de conta os interesses das indústrias das armas ou dos senhores do petróleo. Porque não pode existir liberdade sem segurança e esta não pode estar dependente de grupos de interesses que, a coberto dos ditos estados de direito, fomentam e apoiam em privado aquilo que dizem combater em público.

As sociedade democráticas não se podem refugiar, apenas, atrás de conceitos de aparente benignidade de costumes. Devemos ser os primeiros a limpar a nossa própria casa e a erradicar a violência do nosso seio robustecendo e dando meios adequados à justiça para punir, exemplarmente, aqueles que, entre nós, são coniventes ou se aproveitam de crimes sem perdão.

O crime não começa nem acaba apenas nas entranhas do nacionalismo basco ou do fundamentalismo islâmico.



P E D R O D A M A S C E N O



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