sexta-feira, novembro 18, 2005

Verdades que têm de ser ditas

A luta contra o terrorismo islâmico tem que ser obra conjunta de mulçumanos,
cristãos, judeus e budistas
Rei Abdullah II da Jordânia




Verdades que têm de ser ditas


Numa altura em que o terrorismo islãmico ataca, sem dó nem piedade, os seus próprios “irmãos” como acontece, diariamente, no Iraque e aconteceu, mais recentemente, na Jordânia – perante o silêncio produndamente pesado da generalidade dos países árabes – é de sublinhar a coragem cívica e política do Rei da Jordânia.

Porque ele vem dizer aquilo que é fundamental dizer: que os grupos terroristas ditos islâmicos nada têm a ver com o Corão. Como a inquisição nada tinha a ver com a Biblia, digo eu.

É urgente demascarar grupos que se arrogam em intérpretes priveligiados dos profetas ou mesmo de Deus para, em seu nome, praticarem os crimes mais hediondos e darem largas aos seus delírios fanáticos.

Grupos que conseguem arrebanhar verdadeiros exércitos de seguidores entre todo o tipo de excluídos, presas fáceis de quem promete o paraíso a troco de um suicídio. Gente que não tendo uma vida digna nem perspectivas futuras se vê, desse modo, promovida a heróis.

Na sua grande parte sendo pobres zé ninguéns que conhecem uma fama éfemera pelas piores razões. Mas devidamente controlados por outros – os autores morais – que sabem muito bem o que fazem e porque o fazem. Fanáticos religiosos que utilizam a suposta palavra divina para alcançarem o poder.

Líderes dos movimentos fundamentalistas que procuram, essencialmente, o poder – um poder bem terreno e ditactorial. Como aconteceu no Irão – com resultados bem conhecidos – e que, agora, procuram estender a todo lado. Incluindo o Iraque, tornado presa fácil pela imprevidência dos americanos.

E que tem gerado na comunidade internacional uma crescente fobia a tudo a que cheire a muçulmano. Criando condições para que os nossos extremistas, por seu turno, consigam criar vagas de xenofobismo que metem tudo no mesmo saco.

Daí a importância de ser um muçulmano, com as responsabilidades que o Rei Abdullah tem, a denunciar – preto no branco – o terrorismo islãmico como uma farsa em relação àquilo que realmente é ou deveria ser a religião muculmana.

Porque só assim será possível unir esforços entre todas as religiões e todos homens de boa vontade e dar luta sem quartel à grave ameaça que o mundo (seja ele ocidental ou muçulmano) enfrenta.

O ocidente tem que aprender a distinguir entre quem faz da religião muçulmana uma prática tolerante e positiva de quem a “pratica” como branqueamento de intolerância, violência e ânsia incontida de poder.

Porque se isto não for feito estaremos a empurrar, ainda mais, o mundo islâmico para o braços dos extremistas.

Sendo, também, imprescindível que as forças muçulmanas moderadas tenham a lucidez e a coragem de denunciar os cancros que crescem no seu seio. Dando, assim, força a quem procura pontes de diálogo e cooperação.

Violência gera violência e quem semeia ventos colhe tempestades. E se é certo que o terrorismo tem que ser combatido com firmeza e determinação não é menos certo que essa luta terá que se desenvolver sobre uma matriz de diálogo, lucidez e tolerância.



P E D R O D A M A S C E N O

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