sexta-feira, maio 05, 2006

MALDITA COCAÍNA

A cocaína é uma droga estimulante e altamente viciante. O seu consumo leva a uma grande aceleração do envelhecimento e a profundos e irreversíveis danos cerebrais.


M A L D I T A C O C A Í N A


Nem o hediondo crime, ligado à droga como se provou em tribunal, que manchou, há bem pouco tempo, o nosso quotidiano pachorrento e corriqueiro conseguiu despertar – de forma visível – as nossas consciências.

Para além do folhetim do julgamento e do frémito causado pela sentença dura, parece não ter ficado mais nada. Continua a consumir-se na mesma, nas calmas. E mais jovens continuam a cair na rede de uma dependência dramática.

Como já tivemos ocasião de sublinhar, longe vão os tempos em que a droga no Pico não passava de uns charritos fumados à socapa. Há muito que já se consome, e bem, cocaína e heroína. Possivelmente as drogas que estiveram por trás de um crime que nem sequer poupou um adolescente.

Quem não conhece o Pico seria levado a pensar que tudo isto tem a ver com investigações complexas e difíceis. Mas quem conhece, sabe bem que não é assim. A rede de distribuição é quase pública como era pública a ligação do assassinado ao tráfego como ele próprio fazia questão de ostentar!

Pelo que fica a constatação aflitiva de que nada se faz porque quem pode e deve não faz. Como não se vê ninguém, com responsabilidades políticas públicas, a pegar o touro pelos cornos. Será por medo? Será por desleixo?

Os nossos jovens são, obviamente, um bem precioso que temos que saber educar mas também proteger. Os jovens do Pico estão, inteiramente, dependentes do factor sorte para não caírem no consumo de drogas pesadas.

A robustez cívica de uma sociedade mede-se, precisamente, pela forma como os cidadãos assumem protagonismo na sua vida colectiva e não se limitam a esperar pelo “estado-papá” para resolver todos os problemas.

A participação cívica, empenhada e consistente, é timbre das sociedades com democracias consolidadas e culturalmente avançadas constituindo um factor essencial para a criação de qualidade de vida.

Cada um de nós deveria assumir, com frontalidade e coerência, uma participação cívica que defendesse os valores da solidariedade e da responsabilidade em que acreditamos (ou devíamos acreditar?!) e que pressionasse os poderes constituídos para assumirem, por seu turno, as suas obrigações.

Temos que deixar de falar do que não interessa para passar a falar, cada vez mais, do que interessa. Temos que deixar o refúgio amorfo do sofá da televisão e da leitura dos jornais desportivos para passar a participar na gestão do nosso dia e dos nossos problemas.

É certo que existe (?) polícia de investigação criminal, tribunais e comissões de menores. Mas por aonde andam? E o que fazem? Ás tantas talvez fosse melhor haver menos entidades e mais trabalho que se visse.

O problema da droga, sobretudo das drogas duras, não está resolvido no Pico (e por analogia na maior parte da ilhas dos Açores?) porque ainda ninguém, verdadeiramente, se chegou á frente e assumiu uma questão que ameaça destruir os poucos jovens que, ainda, nos restam.

Maldita cocaína….



P E D R O D A M A S C E N O

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