sexta-feira, setembro 08, 2006

Salomão e Kamasutra

SALOMÃO E KAMASUTRA



Salomão, filho do rei David, foi rei de Israel entre 970 A.C. e 930 A.C. e uma figura central do Velho Testamento, conhecido pelo seu sentido de justiça e equilíbrio corporizados na história de 2 mulheres que reivindicavam como filho a mesma criança.

Com 2 mil anos de existência o Kamasutra é um livro que foi elaborado pelo indiano Mallinaga Vatsyayana com base no rico erotismo hindu. O Kamasutra representa o sexo sem qualquer sentimento de culpa ou pecado, um manual milenar de liberdade sexual.

Vem tudo isto a propósito de uma jovem catequista do nosso meio que, não sabendo quem era Salomão e o conceito de justiça salomónica, conhece o Kamasutra de trás para diante, experimentando afanosamente o maior número possível de posições exóticas!

Não que haja nada de mal em conhecer o Kamasutra ou ter uma vida sexual activa e interessante. Mas é estranho que alguém que, sendo catequista e demonstrando tanto interesse por textos milenários, desconheça passagens fundamentais da Bíblia.

Um ironia que vem ajudar a ilustrar as contradições duma geração que tendo os telemóveis, os SMS, os computadores e os DVD´s não tem uma cultura geral mínima nem, muitos menos, qualquer noção das suas raízes judaico-cristãs.

Uma geração de roupas de marca e de bens de consumo mas sem noções básicas de comportamento cívico e de respeito pelos mais velhos. Uma geração que conhece o Kamasutra mas que não sabe amar.

Porque amar não é o mesmo que curtir. Amar é um sentimento profundo que passa pela anulação ou, pelo menos, por uma grande atenuação do ego. Um sentimento que exige tempo e partilha. Curtir é a versão “fast-food” do amor.

Os jovens de hoje ou melhor a massa de que são feitos os jovens de hoje é a mesma de que eram feitos os seus antepassados, a mesma espécie biológica e o mesmo material genético. O que mudou foi a maneira como essa massa é trabalhada.

A educação que era dada em casa foi substituída por uma instrução de duvidosa qualidade. A generalidade dos pais deixou de educar e a generalidade dos professores de ensinar. Uns e outros foram cedendo aos sinais dos tempos sem dar grandes mostras de resistência.

Só assim se percebe que, no espaço de uma geração, os usos e costumes de terras como o Pico tenham passado de um extremo ao outro. De sociedades altamente conservadoras passaram a sociedades promíscuas em que o que ontem era desonra e opróbio é hoje banal e encarado com um sorriso nos lábios.

Naturalmente que os tempos devem trazer evolução e progresso. E o caminho para o futuro não é, seguramente, o retrocesso do fundamentalismo islâmico que leva a que um pai muçulmano chegue ao ponto de degolar a sua própria filha por causa de usos e costumes num país moderno como é a Itália!

Mas o inverso – em que se perderam de todo valores e referências – também o não é. A liberdade é um bem demasiado precioso para poder ser posto em causa pela sua indevida e abusiva utilização. Situação que, além do mais, serve de pretexto a quem
luta contra os direitos, liberdades e garantias como os conhecemos neste lado mundo.

É saudável conhecer o Kamasutra mas é essencial não esquecer Salomão.





P E D R O D A M A S C E N O

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