sexta-feira, novembro 03, 2006

Uma verdade inconveniente

Para um número crescente de pessoas, Bush e a direita republicana roubaram a eleição a Gore
Mega Ferreira


Uma verdade inconveniente

Com o maior número de votos expressos nas urnas Al Gore foi, por um expediente jurídico, considerado derrotado por George W. Bush. Sendo o candidato que teve o menor número de votos expressos na urnas considerado o eleito!

Um precedente preocupante para a história da democracia.

E, mais importante do que isso, a porta aberta para um dos períodos mais controversos da história americana com um presidente transformado em verdadeiro bobo à escala mundial.

O presidente do país mais poluidor do mundo que se recusou a ratificar o acordo de Quioto por achar que esse compromisso iria pôr em causa a economia americana. Mesmo estando em causa a nossa casa comum – o planeta.

Factos que tornam, ainda mais, nobre a missão que Gore assumiu na defesa do combate ao aquecimento global da Terra resistindo à tentação de se sentir ofendido e virar as costas à participação cívica.

O documentário da sua autoria – uma verdade inconveniente – que agora se estreou nos cinemas e tem sido um êxito nos Estados Unidos foi baseado nas conferências que tem vindo a fazer ao redor do mundo sobre aquele tema.

Um documentário verdadeiramente notável em que, de uma forma pedagógica e extremamente clara, explica as razões do aumento exponencial do aquecimento do planeta e as suas implicações no clima a nível mundial.

Utilizando gráficos simples e uma linguagem muito acessível demonstra, de forma cientificamente sustentada, o papel determinante da emissão de gases poluentes na alteração das nossas condições de vida.

Situação que a não ser combatida de forma enérgica e imediata poderá, no limite, pôr em causa a nossa própria sobrevivência. Numa abordagem em que foge à demagogia e ao discurso político-partidário.

O resultado é um alerta extremamente lúcido e bem fundamentado para todos os cidadãos considerados no seu conjunto ou em termos individuais. Já que aponta para saídas institucionais mas também para aquilo que podemos, individualmente, fazer.

Um trabalho que, a nosso ver, poderia ser transformado numa verdadeira ferramenta para acções de educação ambiental devendo ser exibido em todas as escolas e comunidades locais. Não se restringindo às elites que já conhecem bem essas questões.

A alteração do uso indiscriminado ou, pelo menos, descuidado com que utilizamos energias dependentes dos combustíveis fosseis e que se pautam por pequenos gestos diários - como não utilizar o carro a propósito de tudo e de nada - poderá fazer a diferença.

Se é indiscutível a necessidade da adopção de grandes medidas a nível nacional e mundial não menos indiscutível é a necessidade de mudarmos um sem número de hábitos de cujas consequências não nos apercebemos.

Uma verdade inconveniente é um daqueles testemunhos que não se limita a fazer diagnósticos catastróficos mas que propõe soluções que começam, precisamente, a um nível individual.

Um testemunho que é fundamental passar ao maior número de pessoas, nomeadamente aos mais jovens, que serão certamente os que mais poderão lucrar com uma mudança de atitude perante uma ameaça que está ali, ao virar da esquina.

Um apelo às escolas, às autarquias e ao governo para que dêm a esse filme o destino que ele merece.



P E D R O D A M A S C E N O

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