sexta-feira, junho 08, 2007

America de Todos Nós

América de Todos Nós



Nos tempos que correm é políticamente correcto dizer mal dos Estados Unidos da América do Norte. Tendo como temas principais a guerra no Iraque e o presidente George W. Bush.

Dois temas, indissociavelmente, ligados aos sectores políticos e religiosos norte-americanos mais conservadores e à sua visão americo-cêntrica do mundo, obcecada com o terror e com o eixo do mal.

Bem lá para trás ficaram o desembarque na Normandia e a libertação europeia do jugo nazi bem como o Eldorado – a terra das oportunidades – para tantos milhões de emigrantes que, ao fim e ao cabo, moldaram a cultura e a vida daquele país.

Um país imenso (9.363.123 quilómetros quadrados) de 300 milhões de habitantes que tem de tudo um pouco. Desde minoras étnicas provenientes de todas as partes do globo a um passado de escravidão e quase extinção dos índios mas também a uma tradição de liberdades democráticas.

Um país que vai do Atlântico ao Pacífico e do Canadá à América do Sul e que é o maior consumidor mundial de bens e de recursos naturais. Um país virado para o crescimento permanente da economia e com o maior número de multimilionários do mundo.

O país da abundância e do esbanjamento mas também de situações de grande pobreza e exclusão. O país dos prémios nobeis e de Holywood mas também o pai da fast-food e da obesidade – a grande pandemia do século XXI.

A terra da Ku Klux Klan mas também dos hippies das flores, do amor livre e da não-violência. Pátria do McCarthy da caça às bruxas mas também de Luther King e John F Kennedy.

A América não é apenas um distante e rico país do continente americano. É um pouco obra de todos nós, incluindo os milhões (?) de açorianos e seus descendentes que lá se radicaram da costa leste até à Califórnia.


Os Estados Unidos representam bem o que de melhor e pior têm o homem. Um país novo, um caldo de efervescente de culturas e um alheamento quase total ao que se passa no resto mundo.

Um país extenso aonde cabem todo o tipo de destinos, de paisagens e de climas. Um país que demora tanto a atravessar de lado a lado como demora a ir dos Açores a Bóston.

Tentar reduzir a realidade fascinante de tal país a uma determinada conjectura política é o mesmo que tentar meter o Rossio na Betesga.

Talvez por tudo isso, talvez pelos excessos hegemónicos que tem assumido e pelos amargos de boca que tem tido quando tenta intervir em realidades tão longínquas quão diferentes como o Vietname e o Iraque, possa vir a dar um grande salto qualitativo.

O resultado das próximas eleições presidenciais poderá ser mesmo o pontapé de saída para uma ruptura com o lado conservador, racista e ultra religioso e para o ressurgimento de uma nova cultura política.

A América do Iraque e de Bush está moribunda. Que viva agora uma América esclarecida que saiba abraçar as grandes causas da paz, do combate à pobreza e à exclusão e da defesa do ambiente.

América!


P E D R O D A M A S C E N O

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