sexta-feira, dezembro 07, 2007

O ursinho Maomé

O ursinho Maomé


Toda a polémica que surgiu em torno da condenação da professora britânica Gillian Gibbons que, em comissão de serviço no Sudão, autorizou que os seus alunos decidissem chamar Maomé a um ursinho de peluche veio, mais uma vez, confirmar o burlesco que as religiões podem assumir.

Gibbons, professora de 54 anos, demonstrou não possuir o mais elementar bom senso ao permitir, num país muçulmano como o Sudão, a utilização do nome do profeta Mohammad ou Maomé para designar um brinquedo.

Qualquer pessoa adulta e minimamente bem informada tem que saber o que tem acontecido em torno da figura do profeta do Corão nomeadamente o triste episódio em torno das caricaturas publicadas num jornal escandinavo que levou a violentas manifestações populares de muçulmanos.

Como, também, deveria saber que o Sudão é o país em que se insere Darfour (território predominantemente muçulmano), uma das zonas do globo em que acontecem atrocidades constantes com vagas sucessivas de desalojados, raptados e assassinados.

O regime do Sudão é uma ditadura liderada, com mão de ferro, por Omar al-Bashir que tomou o poder após um golpe militar em 1989 e no país coexistem dois sistemas jurídicos: o sistema jurídico tipo inglês e a lei islâmica.

O resultado da imprevidência da professora inglesa foi uma acusação de blasfémia com uma de prisão de 15 dias seguida deportação do país após ter havido manifestações de rua que chegaram a pedir a sua morte!

Vários pedidos de clemência que envolveram a comunidade internacional e o próprio primeiro-ministro britânico levaram à concessão de perdão embora o Conselho de Escolas Islâmicas do Sudão tenha pedido ao Presidente para que tal não acontecesse em nome da reputação islâmica.

Embora a pena tivesse sido “apenas” de prisão seguida de deportação chegou a ser posta a hipótese de o castigo ser de 40 chicotadas (presume-se que públicas) pela prática do crime de ter insultado o Islão.

Claro que, se entre nós, algum professor se tivesse lembrado de chamar a um ursinho Cristo ou Jesus seria, possivelmente, designado de tolo e a sua atitude seria objecto de um encolher de ombros. Mais não seria, de certeza, parangona de primeira página da imprensa mundial ou objecto de preocupação de primeiros-ministros.

Quase um mundo separa o islamismo fanático de uma ditadura do terceiro mundo e a nossa prática de brandos costumes. Mas em Roma sê romano e não é minimamente sensato viver em Cartum como quem vive em Liverpool.

O islamismo fanático é o que é: uma deturpação grosseira da espiritualidade e do sentido do divino. Mas é isso que, infelizmente, começa a condicionar as nossas vidas mesmo no mundo ocidental, europeu e civilizado e é disso que não nos podemos esquecer quando estamos no seio de países muçulmanos.

Ainda bem que a professora foi perdoada mas lá que merecia, pelo menos, 2 palmaditas no róseo rabinho britânico lá isso merecia....



P E D R O D A M A S C E N O

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