….nada de humano pode ser construído sobre o ressentimento, o ódio e a vingança
Jornal Publico
Parabéns, Nelson Mandela
Nelson Rolihlahla Mandela completou, há pouco dias, 90 anos. Uma longa vida ao serviço de um ideal e um exemplo único de coragem cívica e intransigência de princípios, mesclado de grande realismo político.
Após um longo cativeiro de 27 anos conseguiu vencer a apartheid e impedir a guerra civil – desiderato que nos parecia impossível – na Africa do Sul. Um exemplo único de tenacidade e estatura moral.
O homem que gosta de apreciar o pôr-do-sol ao som da música de Handel ou Tchaikovsky. O Prémio Nobel que dedicou a honraria que lhe foi concedida a todos os que lutam pela paz e contra o racismo.
Tomou posse como primeiro presidente, democraticamente eleito, da África do Sul em 10 de Maio de 1994 tendo abandonado a vida pública em 1999, apesar de todas as pressões para que continuasse. Assim demonstrando desapego ao poder e às honrarias.
Voltando para Qun, seu lugar de nascimento, aonde vive uma vida frugal e disciplinada. Não prescindindo do seu exercício diário e da militância em prol da paz e da tolerância.
Mandela foi uma pessoa para quem o sofrimento – e sofreu muito, durante muito tempo – foi uma oportunidade de crescimento. O seu longo encarceramento e as humilhações que sofreu poliram a sua têmpera e carácter ao invés de o tornarem um indivíduo revoltado e violento.
Certamente por isso Mandela sempre considerou Gandhi como seu mentor, quer pela filosofia da não-violência como também pela postura de dignidade face à adversidade.
Sendo, também por isso, um exemplo.
Numa África dilacerada por conflitos tribais e liderada por um vasto conjunto de tiranos corruptos, Mandela foi um verdadeiro farol. Sobretudo se pensarmos na outrora opulenta Rodésia que por via de um ditador demente e sanguinário se transformou no miserável Zimbabué de hoje.
O seu país está, ainda longe, daquilo que Mandela imaginou: uma democracia multiracial, próspera e em paz. Mas foi evitada a grande tragédia da guerra civil e da vingança e foram lançados os alicerces para o futuro, assim o queiram os actuais dirigentes sul-africanos.
A imagem de serenidade e confiança que construiu são o seu grande legado. Pois apenas líderes assim serão capazes de vencer os preconceitos raciais – ainda tão espalhados – e dar à África a dignidade de que tanto precisa.
Talvez Mandela tenha, mesmo, tido alguma responsabilidade no fenómeno Barack Hussein Obama. Talvez tenha despoletado parte do impulso que tornou possível a um negro com nome muçulmano ser um candidato credível à Casa Branca.
Parabéns Nelson Mandela, pelos noventa anos e pelo exemplo que nos deste.
P E D R O D A M A S C E N O
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