sexta-feira, março 13, 2009

Criar Riqueza

Para distribuir é preciso criar riqueza.
José antónio saraiva



Criar Riqueza


São impressionantes palavras recentes de Francisco Louçã. A propósito de uma operação de crédito da CGD afirmou que os 62 milhões dados a um empresário dariam para pagar 100 mil subsídios de desemprego.

Não se sabendo se os 62 milhões foram efectivamente dados a um empresário, esse dado também não é essencial. Porque a crítica não veio no sentido de saber se esse empresário cria riqueza real e postos de trabalho.

Até pode ter sido uma daquelas de situações de compadrio de “alta finança” que têm assolado a país e a comunidade internacional. Até pode ter sido uma daquelas situações em que foi o empresário a lucrar pessoalmente com a negociata.

E aí, temos que concordar, teria que haver responsáveis sobretudo por se tratar da CGD que é na prática o Banco do Estado. Mas o que ressaltou do que disse Louçã não foi o protesto por uma eventual falcatrua ou um negócio doloso.

A crítica veio para defender a tese da subsidiação do desemprego como se este fosse combatível por essa via. O desemprego existe, tem crescido e ameaça tornar-se um problema social da maior gravidade. Quer em Portugal quer no mundo.

Sendo essencial combater o desemprego como é indispensável ajudar quem realmente não o tem ou a ele não tem genuinamente acesso. Porque o subsídio de desemprego ainda representa para muita gente uma forma de garantir absentismo.

A precariedade e escassez de emprego são hoje realidades incontornáveis. Mas essa realidade combate-se criando riqueza que permita assegurar postos de trabalho e quem cria riqueza são, salvo melhor opinião e correlativa demonstração, os empreendedores e os empresários.

O Estado cria postos de trabalho que são necessários ao funcionamento do país mas todos bem sabemos que se tratam de postos de trabalho sui generis para não lhes chamar outra coisa. Sui generis porque não se baseiam numa lógica de produção-remuneração-responsabilização-manutenção.

São postos de trabalhos vitalícios e inamovíveis. Muito pouco ou nada dependentes de qualquer cadeia hierárquica e disciplinadora e que usufruem de uma política de reformas inexistente para quem trabalha por conta de outrem na privada.

Esses postos de trabalho não dependem nem do mercado e, muito menos, da boa gestão. Dependem do orçamento do estado e como este, em princípio não vai à falência os outros factores não são relevantes.

Mas os postos de trabalho públicos são finitos.

E para criar postos de trabalho é necessário criar riqueza. Porque para os remunerar há que ter dinheiro e não há dinheiro, de forma sustentada, que não corresponda a criação de riqueza. Riqueza que aliás possibilita ao estado a cobrança de impostos, fonte essencial da sua receita.

De modo que impressiona que Louçã, um economista e universitário, venha usar tão infantil demagogia. Tudo o que é mau é mau, sejam políticos empresários, banqueiros, trabalhadores, etc. Não há, apenas, bons de um lado e maus do outro.

Postos de trabalho só se atingem criando riqueza e a iniciativa privada é o seu motor. Axioma que a própria China já percebeu. Quando será que alguns dos nossos putativos políticos de esquerda vão perceber isso e emergir no século XXI?


PEDRO DAMASCENO

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