Nobre mergulhou na lama a palavra Cidadania
Jorge Castro Guedes
Coordenador da Candidatura de Fernando Nobre
Viana do castelo
O TROCA-TINTAS
Portugal já andava muito mal de políticas e de políticas.
O que lhe faltava, mesmo, era perder a confiança na possibilidade de existir vida para além dos partidos. Pese embora o papel fundamental que estes desempenham numa democracia parlamentar.
O pleno exercício de uma cidadania – esclarecida, tolerante e interveniente – é uma necessidade vital para reformar o sistema político democrático português porque só ela poderá levar os partidos à indispensável reflexão interna e consequente renovação.
A partidocracia extrema que se vive em Portugal só foi possível pela progressiva alienação/abstenção dos cidadãos que se foram acomodando a uma situação que, mercê da Europa, foi durante muito anos de relativo conforto.
A corrupção foi alastrando a ponto de atingir todos os níveis da sociedade portuguesa. Sendo que corrupção não é só receber luvas por fazer favores políticos mas permitir uma administração pública mastodôntica, incumpridora e incompetente. Salvaguardando, naturalmente, as devidas e honrosas excepções.
Os partidos do arco do poder foram, ao longo dos anos, consolidando a sua posição ao assegurarem um viveiro de votos. Já que o voto se tornou, em grande parte, no exercício de interesses pessoais e, bem pouco, no exercício de uma participação comunitária e cívica.
Palavras duras, mas que precisam de ser ditas.
A recente candidatura do Dr. Fernando Nobre à Presidência da República assumiu-se como uma candidatura supra-partidária e da cidadania visando combater a exclusão, a pobreza e a fome. Uma candidatura de valores e de independência baseada num trajecto humanitário e num curriculum de humildade.
Candidatura que empolgou muitos portugueses que lhe deram uma inesperada e choruda percentagem de 14,10% decorrente de 594.068 votos para além de um honroso terceiro lugar. Muito acima das mais optimistas previsões.
Conquistando um capital notável de simpatia e esperança numa sociedade conservadora e pouco avessa a mudanças profundas mas que se mostrou aberta à aposta nos valores e na esperança.
Eis que, em pleno rescaldo de PEC´S/Demissões/Eleições, vem o detentor desse capital endossar o cheque a um partido como forma de assegurar um tacho que não sendo o primeiro é, pelo menos, o segundo da hierarquia do estado!
Não interessando, minimamente para o caso, a que partido foi.
Sem dar a cara e deixando o cidadão comum “doravante à rasca para distinguir o que é nobre do que é rasca”prestou um péssimo serviço a Portugal e aos valores que dizia defender mas que eram mais para inglês ver do que para português usufruir.
Um simples e vulgar troca-tintas.
P E D R O D A M A S C E N O
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