sexta-feira, junho 03, 2011

The day After

The Day After

Tornou-se um lugar comum – por acaso de muito mau gosto – dizer que prognósticos só depois do jogo! Uma daquelas banalidades que faz carreira para preencher eventuais vacuidades intelectuais.

O mesmo se poderia/poderá dizer em relação ao dia 5 de Junho e ao resultado das eleições legislativas. No entanto nunca o dia a seguinte (the day after) foi tão previsível como neste caso.

Não sendo de todo necessário olhar para a noite do dia 5 ou para a manhã do dia 6. O diagnóstico está, antecipadamente, feito. Sendo de segundo plano a questão de quem ganhou ou perdeu ou mesmo se ganharam todos!...

O dia seguinte vai ser de todos arregaçarem as mangas e principiarem a levar a sério este-estado-a-caminho-de-ser-milenário depois de umas eleições que talvez tivessem escusado de ter sido se tivesse havido uma efectiva liderança política de quem podia.

Mas o que está feito, feito está.

Não sendo visivelmente possível mudar o regime (que era disso que se tinha falta) poderão mudar-se algumas cadeiras no Palácio de São Bento/Assembleia e no Palacete de São Bento/Residência. Aonde as regras serão semelhantes com os actores em eventuais papeis diferentes.

Estando essas regras, nas suas grandes linhas gerais, escritas e assinadas resta saber, se mais uma vez, vamos tentar fugir com o rabo à seringa ou vamos mesmo levar tudo ao pé da letra.

E esse talvez seja um prognóstico que terá de ficar para o fim do jogo!...

Mas, pese embora alguma ironia antecedente, é fundamental que haja uma participação maciça dos eleitores que nos ponha a cobro de correr risco de cair na tentação de discutir, novamente, o sexo dos anjos.

Portugal tem que votar com um grande nível de participação que afaste por uns bons quatro anos as discussões de lana caprina e permita a quem vai governar a estabilidade e tranquilidade necessárias para enfrentar os desafios em espera.

O pior que nos poderá acontecer será um nim.

Mal ou bem teremos que decidir sem deixar margens de dúvida suicidas e tal não será possível se o Verão que se avizinha leve as pessoas para a praia ou o doce remanso do sofá e das telenovelas as mantenha em casa.

Muita gente morreu ao longo da História pelas causas da liberdade e da democracia. O mínimo que podemos fazer é usar o privilégio do voto que é, antes de mais, um dever incontornável de cidadania.

O diagnóstico para o dia seguinte está mais do que feito: serão dias difíceis para todos e de grandes privações para muita gente. Os políticos que vão a votos são os que fomos capazes de gerar, melhores só nas Caldas da Rainha.

Não vale, portanto, a pena esconjurar demónios ou endeusar bezerros. Há apenas que votar em massa, com convicção e profundo sentido de responsabilidade. Ponto.


P E D R O D A M A S C E N O

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