sexta-feira, junho 17, 2011

Esta revolução não é de direita nem de esquerda

Esta revolução não é de direita nem de esquerda:
é de senso comum


Assim rezava um cartaz empunhado por uma mulher, nas recentes manifestações populares em Espanha. Um slogan interessante a levantar um conjunto de reflexões indispensáveis nos dias de hoje.

Nos dias que passam, de avançadas tecnologias, parece faltar, cada vez mais, bom senso para sermos capazes de ter uma existência equilibrada, harmoniosa e geradora de bem estar e qualidade de vida.

O que nos faz correr afinal? Uma desenfreada correria ao consumo e à gratificação imediata com uma total quebra de valores e de sentido comunitário? Ou a incapacidade de estarmos em contacto connosco próprios?

Os valores centrais da democracia estão hoje bastante estabilizados e assegurados na Europa. Sendo a transição entre partidos ditos de direita e ditos de esquerda e vice versa completamente pacífica.

Há um conjunto de liberdades, direitos e garantias que é assumido, de barato, por todos os partidos. Felizmente. Mesmo os extremos, de um lado e outro, não ousam contestar a ordem estabelecida.

Contudo a quebra de influência da religião em conjugação com falta quase total de autoridade democrática e uma filosofia de facilitismo tem vindo a criar gerações cheias de expectativas irrealistas. Num mundo ficcional de direitos sem deveres.

Autoridade democrática que deveria ser o cerne da própria liberdade. Sem constrangimentos ou processos de intenção. Devendo entender-se autoridade democrático como o exercício político com base em leis maioritariamente consensualizadas e aprovadas.

Exercício assegurado pelo normal funcionamento das estruturais judiciais e das autoridades políticas, administrativas e policiais. Devendo ser os seus limites os que decorrem da lei num clima de isenção e estrito cumprimento das regras.

Temos, neste lado do mundo, as ferramentas necessárias e suficientes para conseguirmos ter sociedade livres, igualitárias e abundantes e, por conseguinte, geradoras de equilíbrio social, paz e felicidade.

Mas, mesmo um Stradivarius, não consegue pôr a tocar bem quem não sabe tocar violino. E sobretudo quem não quer aprender, pesem embora todas as pautas dos melhores compositores ou o melhor dos maestros.

Democracia não é libertinagem, desrespeito e abuso. Liberdade não é fazer tudo o que nos der na gana e ainda achar que no fim devemos ter direito a cela arejada, cama comida e roupa lavada e televisão a cores.

E não serão mais leis ou mais bens-de-usar-e-deitar fora que irão fazer a diferença. A diferença só poderá nascer de um esforço individual e colectivo para aceitar regras e princípios e activar comportamentos socialmente responsáveis e responsavelmente sociais.

No fundo, tirando as patologias, todos sabem como deve ser. Vem de muito longe e diz simplesmente: não faças aos outros o que não queres que te façam a ti. Uma simples frase que encerra um conceito intemporal e definitivo.

Questões que não são de direita ou de esquerda mas, apenas, do mais elementar bom senso não valendo a pena desfraldar bandeiras ou gritar slogans só para inglês ver. Como não diante pôr perfume antes de tomar banho.

Faz, de facto, muita falta uma revolução do senso comum.



P E D R O D A M A S C E N O

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