sexta-feira, novembro 11, 2011

POLITICOS - Precisam-se

POLÍTICOS
Precisam-se



Até bem recentemente vinha ganhando inúmeros adeptos a ideia de que as ideologias tinham morrido e que isso dos partidos ia tudo dar ao mesmo. Um fim anunciado das ideologias.

A política e os partidos seriam, desse modo, descartáveis. O bem estar que se vivia, sobretudo na Europa, confirmava que mais para aqui ou mais para ali não haveria grande diferença.

Os princípios e valores foram sendo substituídos pelo primado do consumismo e da gratificação imediata e pensava-se que estávamos à porta do reino dos céus. Uma nova geração, apenas com direitos, foi-se moldando nesse manancial de mel.

Até que a crise da bolsa de Nova Iorque e a falência do maior banco americano desencadearam um terramoto cujas réplicas (fortes) se continuam a sentir por todo o mundo, sobretudo no “paraíso” europeu.

O resto é conhecido.

O cidadão comum é encostado à parede e responsabilizado por ter vivido acima das suas possibilidades e assim ter levado o estado(s) à bancarrota. Sendo condenado, sem apelo nem agravo, a penosa e incontornável factura.

Ficando por esclarecer o falhanço clamoroso do estado providência e, sobretudo, das razões políticas que, embalando os incautos, caucionaram uma gigantesca bolha de especulação financeira que, progressivamente, aumentou o fosso entre pobres e ricos.

Nunca no mundo ocidental se viveram tamanhas diferenças sociais como consequência directa do fim anunciado das ideologias e do regabofe financeiro que a seu coberto se foi instalando.

As pessoas gastaram efectivamente demais. Mas a isso foram incentivadas não apenas porque quem queria vender dinheiro barato a todo o custo mas também pela administração publica e pelos políticos que levaram o desperdício e má gestão a níveis intoleráveis.

Tudo em nome de um maná que jorrava a rodos não se sabia bem de onde. Aceitou-se a legitimidade de fazer dinheiro com dinheiro sem regras e desvalorizou-se o princípio da criação de riqueza e do investimento produtivo.

Desvalorizou-se a ideologia para não a tornar um estorvo ao crescimento ganancioso e criou-se a ilusão que todos podiam ser e seriam ricos. Sem que para isso tivessem que fazer esforço especial. Bastaria tomar o ar e esperar.

Com a queda das ilusões percebe-se que o futuro não depende exclusivamente do cumprimento do acordo com a troika mas que terá que ser encontrado um rumo que ponha o trabalho, o mérito e a equidade à cabeça.

Esse rumo terá de ter necessariamente uma forte matriz política e ideológica. Estando esgotado e falido o actual modelo económico e social torna-se imprescindível encontrar outro paradigma para a nossa vida.

A ideologia e os políticos voltam , por isso, a ser novamente um bem de primeira necessidade. A economia deixada à solta já mostrou do que é capaz mas não serão saídas totalitárias que resolverão o que quer que seja.

O debate esta aberto e é urgente.

Políticos, precisam-se.



PEDRO DAMASCENO

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