sexta-feira, janeiro 06, 2012

As partículas de Higgs e tudo o resto

A ciência está mais perto de confirmar a existência da partícula, considerada
crucial para a compreensão da formação do Universo
BBC



As partículas de Higgs
e tudo o resto


A possibilidade da existência de umas ultra minúsculas partículas que têm (terão) o nome do cientista Peter Higgs, seu mentor, tem excitado o mundo científico tendo alguém já se atrevido a chamar-lhes as partículas de Deus.

Isto porque, a confirmar-se cientificamente a sua existência, explicariam o aparecimento da massa e de todos nós dispensando, porventura, a existência de um Deus, criador e todo-poderoso.

Enfim jogos super sofisticados neste nosso mundo aonde milhões de pessoas ainda são analfabetas e outras tantas iliteratas. Neste mundo conturbado aonde se continua a morrer por motivos confessionais, em nome de Deus.

Coisas nas antípodas umas das outras tanto quanto as desigualdades sociais que ainda atormentam países como os Estados Unidos e nós próprios – o país europeu em que essas desigualdades são maiores.

Enquanto cientistas “perseguem” as presumíveis partículas artífices do Universo num sofisticado e imenso acelerador das mesmas na Suíça nós por cá vamos prosseguindo o nosso Fado, agora transformado em Património Mundial.

Tão perto e tão longe daqueles laboratórios, capazes de feitos científicos tão elaborados, continuamos, nesta leira a beira mar plantada, as escuras sem conseguir encontrar uma saída para uma situação que foi apelidada de crise e que virou tema de toda a comunicação social, de manha ate a noite.

Como se a "crise" fosse simplesmente uma enigmática palavra chave encontrada para desculpabilizar, justificar e adiar. Palavra que de tanto e tão levianamente ser utilizada se desbotou e esgotou tornando-se apenas num lugar comum que quer dizer tudo e não diz nada.

Portugal vive uma conjectura difícil que há muito se adivinhava e que implodiu em virtude de terem falhado os amortecedores, leia-se Europa, que sustentavam um modo de vida sem sustentabilidade como os factos comprovaram.

O resto deveria ser uma mobilização geral das pessoas para agarrarem o boi pelos cornos e se empenharem numa mudança de vida apoiada numa tomada de medidas estruturais e estruturantes e estimulada por um discurso de combate e optimismo.

Não um zurzir na desgraça, continuo e generalizado, um muro das lamentações que se estende de norte a sul e que só aumenta a espiral de descrença e cepticismo inibindo a energia necessária para acreditarmos nos nossos recursos e capacidades de-lapidando, ainda mais, os que já pouco tínhamos.

O Pais precisa de lideres carismáticos que não se limitem a falar e a falar sem dizerem nada e muito menos de meros executores de falências antecipadas. Os compromissos e as dividas são para honrar mas terá que haver muito mais do que isso.

Terá que haver apuro de responsabilidades e avaliação dos defeitos estruturais que permitam traçar um rumo claro que terá de passar pela dignificação da politica, dos políticos e da vida publica em geral. Um rumo e uma estratégia que terão de ser exaustivamente explicados ate se tornarem numa verdadeira causa nacional e num factor de coesão.

Uma estratégia que crie riqueza e não apenas ricos, como bem disse Mia Couto. Um rumo que corrija as desigualdades e estimule a igualdade de oportunidades repondo a criatividade, o trabalho e o mérito como pilares do Pais.

Foi isso que fez a Islândia. É isso que teremos de fazer.



P E D R O D A M A S C E N O

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