FACE
OCULTA
MINHA
EDA GENTIL
DE
EMPREGADOS MIL
NINFA
DE DESENCANTOS
CEGUEIRA
DOS MEUS PRANTOS
«Um PT anónimo»
Minha EDA gentil
Nem os poetas te resistem, Eda das
nossas noites à moda antiga!
Bem podemos pregar e protestar
contigo que nada adiantamos. Para ti o silêncio é de oiro e como o oiro, apesar
da crise, está caro…estamos conversados.
Cortes tem-los de rodas as
qualidades: de dia e de noite, de madrugada e ao entardecer, longos e curtos,
totais e parciais. Terás defeitos mas também tens qualidades e destas avulta a
democraticidade. Comem todos: do norte e do sul, do oeste e do leste, pobres e
ricos, trabalhadores e preguiçosos, pêésses e pêpêdês. Até, coitados, os das
Aliança Democrática.
Altiva e serena, continuas o teu
rumo de fada. Espraiando teus raios cintilantes, por serrados e encostas, vales
e montanhas, lagos e falésias, és a rainha incontestada e incontestável da
nossa modernidade. Não há nada que te resista: televisões e vídeos.
Computadores e caixas registadoras, arcas e frigoríficos, lâmpadas e holofotes.
Através de ti bebemos a beleza e a arte, o trabalho e o pão.
As baleias, grandes seres que povoam
a nossa memória colectiva, lá vão passeando, à custa da CEE, nos mares aos
nossos pés. Deixando-nos sem óleo que em nossas candeias ardeu e que,
modestamente mas sem cortes, nos iluminou. Quase que apetece dizer que antes
vale uma baleia em terra do que duas centrais térmicas a cortar.
Mas a vida passa e os poetas que
ladrem, dirás tu.
E, se calhar, tens razão. Sempre foi
assim: os cães a levantarem a perna, os poetas a sonharem, a más-línguas a
mexericarem, os trabalhadores a trabalharem, os outros a olharem para eles.
Porque havias tu, bem pensado, de
dar mais luz do que aquela que o teu ventre, delicado e mimado, dá? Porque
haveria a tua face mimosa de levar chapada dos filhos das trevas que pululam
por todo o lado? Quem não te ama é porque é cego e a pior cegueira, bem o
sabes, não é a que é provocada pela falta de luz mas falta de vontade de querer
ver.
Por isso, hoje estou contigo.
Sobretudo quando afirmas que se as pessoas soubessem o que custa dar à luz não
haveria pirilampos nesta vida. Mas o que mais dói, concordo contigo, é andarem
para aí alguns filhos da luz a comportarem-se como filhos das trevas e a
tentarem trazer-te para a lama. Mas sempre foi assim em terras pequenas: cortar
as asas a quem quer voar, puxar para baixo quem quer subir, escurecer quem dá
luz.
Por isso aguenta-te no teu posto e
não dês cavaco.
Ilumina enquanto puderes e quando
não puderes manda-os todos levar no contador.
P
E D R O D A M A S C E N O
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