FACE
OCULTA
A RATOEIRA DA
MIRATECA
Embora não
disponha de números oficiais fidedignos, é ilícito afirmar que o troço de
estrada do Pico que mais acidentes tem originado é a estrada regional que
atravessa o lugar da Mirateca, da freguesia da Candelária.
Para além dos
vultuosos materiais tem dado lugar a inúmeros acidentes pessoais e mesmo à
morte. Será muito raro o condutor que passe regularmente naquela via que não
tenha uma história para contar e que, invariavelmente, passa por picar os
travões no piso molhado e ficar virado para o sentido inverso. Umas vezes com
sorte, ficando-se apenas pelo susto, e outras menos afortunadas com chapa
amolgada e pernas partidas.
A receita para
este rol de acidentes é fácil e extremamente eficaz: via muito estreita, cheia
de curvas e contracurvas com inclinações contraditórias, piso de calçada
completamente polida e com banhos sucessivos de óleos e combustíveis e os
inevitáveis carros estacionados em contravenção ocupando a faixa de rodagem e
obstruindo curvas. Algures a tasca que, normalmente, está por trás de carros
mal estacionados.
No Pico não é
preciso perguntar por tascas ou cafés de freguesia. Basta ir pela estrada
regional até chegar a um amontoado de carros estacionados de qualquer maneira.
É tasca ou café, pela certa.
Mas não é
tudo. Antes e depois desse trajecto a
estrada regional é larga e de bom piso, convidando a uma boa marcha. Um
atractivo extra para o acidente. Ao fim e ao cabo há muita gente que não
conhece bem a área e nada os fará supor ( porque é contra todas a lógica) que,
de repente, encravada em dois troços de boa estrada regional e alcatroada vão
encontrar uma via estreita e de péssimo piso pejada de carros. Via que serve
pra todo o tipo de tráfego, desde transportes colectivos até porta-contentores:
um constante desafio à imaginação dos condutores e às leis da física.
Todos os
responsáveis sabem o que ali se passa: desde o departamento governamental das
estradas até à autarquia e à autoridade policial. E, no entanto, nada se fez ou
se vislumbra algo que leve a crer que alguma coisa se vá fazer. O que é tanto
mais estranho quando se trata de um troço pouco extenso.
Quantos mais acidentes, porventura até
mortais, terão de se dar para que o assunto seja levado a sério num país que,
agora, tanto se preocupa (e ainda bem) com a prevenção e anda com polícias de
balão na mão à saída das discotecas? Como em tudo o resto o Estado deve ser o
primeiro a dar o exemplo e não permitir situações que ponham em causa,
constantemente e de maneira tão flagrante, a segurança dos cidadãos. Não basta
mandar apertar o cinto e beber menos. É preciso que as estradas reúnam
condições de segurança adequadas ao tráfico que suportam.
Como também é
tempo que a polícia perca menos ânimo a catar papeis e em manobras burocráticas
e se dedique mais a assegurar a segurança dos cidadãos sobretudo evitando esse
verdadeiro pesadelo das estradas do Pico que são os estacionamentos de qualquer
maneira e as manobras perigosas. Menos preocupação com placas de nomes ou
detalhes de somenos e mais atenção ao que realmente conta na estrada: a
segurança.
É certo que as estradas
do Pico estão na generalidade, uma vergonha (quem não se lembra da odisseia da
estrada do mistério da Silveira ou do troço da Ribeirinha – Santo Amaro, por
exemplo?) mas há situações que são verdadeiramente escandalosas e esta é
precisamente uma delas. Escandalosa pelo perigo constante que provoca e pela
relativa facilidade com que o assunto poderia ser resolvido.
Se agora o tempo
é de vacas magras em matéria de investimento rodoviário já foi de vacas gordas
e nem mesmo então o assunto se resolveu. O que faltará, então? Será que os
responsáveis não perceberam ainda a questão ou será que o desleixo é assim
tanto?
Em tempo de CEE
e de tanto investimento no turismo (um, por acaso, lá bem perto!) não faz
sentido que persistam situações tão anómalas e tão contrárias ao espírito
venerador, atento e obrigado que o nosso País tem sido para com o padrinho
comunitário.
Para quando a
extinção da ratoeira da Mirateca?
P E D R O
D A M A S C E N O
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