FACE
OCULTA
ILHA MAIOR E O GRANDE DESAFIO
Neste número que se quer júbilo pelo
caminho já percorrido, imperioso se torna analisar os grandes desafios do
futuro. Porque se Ilha Maior nasceu da necessidade de o Pico ter mais uma voz,
esta tornou-se agora, num estejo imprescindível do nosso devir.
Ilha Maior tem conseguido subsistir
sem ser correia de transmissão de coisa alguma, razão principal porque deve
continuar. Um espaço aberto aonde todos os picoenses se revejam e aonde é
possível assumir a diferença, sem constrangimento. Um jornalismo plural e
regionalista mas, simultaneamente, aberto ao mundo.
E porque vale a pena continuar a
fazer este jornal, com entusiasmo cada vez maior, necessário se torna a
reflectir sobre os grandes desafios do futuro e do desenvolvimento, que são
muitos.
Mas de todos eles avulta, com grande
destaque, um que justifica o título desta crónica: o desafio da unidade da ilha.
Esta ilha, segunda em tamanho e
terceira em população, continua na cauda do desenvolvimento regional. O gigante
adormecido ou a pescadinha de rabo na boca. Um eterno motivo de trocadilhos,
mais ou menos brejeiros.
Uma ilha em que se fez tanto, e ao
mesmo tempo, tão pouco.
Porque a passada foi sempre mais
pequena do que a perna. Fizeram-se hospitais, escolas, portos e aeroportos e,
ao fim e ao cabo, estamos quase na mesma. Continuamos sem ter uma unidade de
saúde que resolva a generalidade dos nossos problemas de saúde, sem uma escola
que impeça a saída precoce dos nossos filhos adolescentes, sem um porto que
garanta de forma definitiva os nossos abastecimentos e sem aeroporto que nos
ligue ao exterior de forma viável e regular.
Temos tudo e não temos nada.
Uma mentalidade de campanário que
nos tem amarrado à defesa, por vezes intransigente, de soluções que só visam
apaziguar interesses provincianos e barristas e que tem sido o obstáculo maior
ao nosso desenvolvimento.
Uma mentalidade que terá de ser
radicalmente mudada sob pena de o Pico continuar a ser apenas a soma aritmética
de três pequenos e pobres concelhos e jamais a ilha majestosa que aparenta.
Mudanças que, em primeira linha, terá que ser protagonizada pelos responsáveis
políticos, sobretudo pelos presidentes de câmara e deputados.
Mais uma vez o Pico tem três
presidentes de câmara da mesma formação partidária. Situação que potencializa a
possibilidade do diálogo, do consenso e sobretudo da pedagogia da unidade.
Porque é exactamente de pedagogia de unidade que esta ilha está precisada.
Alguém terá que dar o exemplo e quem melhor do que autarcas e deputados para o
fazer?
O planeamento dos concelhos do Pico
terá que ser forçosamente, e cada vez mais, fruto de muito diálogo e cooperação
entre eles com vista à unidade da ilha. Seja para definir e dimensionar
equipamentos colectivos seja para definir estratégias de desenvolvimento
económico.
No Pico já não há lugar para jogadas
de concelho e de paróquia.
Do exterior não virão ajudas. Ou os
picoenses se põem de acordo e começam a defender os seus interesses de ilha de
forma coerente e integrada, numa perfeita unidade de objectivos, ou continuarão
a ser prisioneiros das suas próprias limitações e atavismos.
A maioria dos erros que se fizeram
no Pico ficaram-se a dever em primeira linha aos próprios picoenses que não
souberam defender os seus interesses de uma forma coerente e unida. Ao longo
dos anos algumas vozes se têm levantado a favor da unidade mas acabaram por ser
perder no ruído das confrarias e das capelas.
E o governo? O governo claro que
teve e tem muitas culpas no cartório e a falta de coesão dos picoenses não pode
servir de desculpa para erros crassos de planeamento que cometeu (porto,
aeroporto, hospitais etc.) mas tudo talvez tivesse sido muito diferente se o
Pico se tivesse assumido como Ilha, num todo integral.
Os desafios que se colocam hoje ao
Pico são muitos – da modernidade, do desenvolvimento e da preservação do
ambiente - mas de todos eles avulta o da unidade. Sem ela nunca haverá Pico
Maior.
Por tudo isso o grande desafio que
se coloca ao Ilha Maior é o desafio da unidade, da coerência e da coesão da
Ilha do Pico.
Para isso as suas colunas deverão
estar sempre abertas ao mais amplo debate das grandes questões que se põem à
sociedade picoense, sem complexos nem peias. As balizas apenas deverão ser as
do respeito e da tolerância. Sem Mais.
P
E D R O D A M A S C E N O
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