FACE
OCULTA
VANDALISMOS
(A MORTE DA GALINHA DOS OVOS DE OURO?)
Parece não merecer dúvidas a ninguém
de que o novo modelo de desenvolvimento dos Açores terá de assentar no turismo.
Ainda há poucos dias essa afirmação foi feita à RTP pelo vice-presidente da
Câmara do Comércio dos Açores sem que tivesse sido contestado por qualquer dos
outros participantes no programa. Nomeadamente não o foi por parte do
Secretariado do Comércio e Indústria, Gaspar da Silva.
E essa análise decorre não só das
insuficiências que a Região apresenta noutros sectores – nomeadamente da
indústria, na agricultura e nas pescas – mas porque oferece excepcionais
condições para o crescimento daquele.
Desde logo pelas belezas naturais
mas não esquecendo outros aspectos não menos importantes como a tranquilidade e
a segurança. Conjugação de factores que potencializa um destino turístico com a
procura crescente na Europa que se começa a cansar dos chamados destinos
exóticos. A procura do regresso à natureza não para de ganhar adeptos sobretudo
entre os quadros médios e altos dos países mais industrializados que demandam
férias que lhe reponham as energias perdidas no stress dos grandes meios.
Conjuntura que põe os Açores à
frente da própria Madeira que proporciona um bom destino de mar/sol mas que já
se afastou demasiado da ruralidade imprescindível para satisfazer quem procura
um regresso à natureza.
E, dentro dos próprios Açores, o
Pico tem se vindo a posicionar como uma ilha especialmente dotada para se
constituir um destino de natureza. Pelo seu avantajado tamanho, pela sua
pequena população e baixo tráfego, pela sua ruralidade e insignificante
poluição, pela sua tranquilidade e segurança. Esta ilha, majestaticamente,
situada entre o Faial e São Jorge tem todas as condições para o desempenhar um
papel ímpar no desenvolvimento do sector no arquipélago.
É, por conseguinte, causadora de
grande apreensão e existência de alguns fenómenos – por enquanto ainda em
pequena escala- de vandalismo impune. A mesma política que se revela
completamente incapaz para disciplinar o tráfego automóvel (que, apesar de
todos os apelos feitos a quem de direito, se continua a deteriorar
ininterruptamente com uma sinistralidade preocupante) revela-se, também,
totalmente incapaz para suster os, ainda pequenos actos de vandalismo que têm
vindo a crescer.
Actos que, apesar de tudo, já
preocupam uma população ainda habituada a deixar a porta de casa aberta. Delitos
que vão desde a prática de pequenos furtos à destruição de sinais de trânsito e
tabuletas passando por espancamentos a forasteiros e roubo sistemático de
combustível em máquinas de trabalho e acabando nas tropelias de
motocicletas-filhos-de-papá-com-menos-juízo-que-eles. Naturalmente para não
falar das recentes descobertas de droga na costa da ilha e de que nunca mais se
ouviu falar (!) apesar de já serem evidências de “caça” bem mais grossa.
Mas, tudo isto não teria uma
gravidade por aí fora, se as pessoas sentisse que algo é ou será feito e sua
defesa. Mas, infelizmente, tal não acontece. Ninguém acredita a política que,
deste modo, se torna motivo de chacota. Pelo que grande parte dos ofendidos ou
lesados nem se dá ao trabalho de apresentar queixas que não passarão de mais
uma chatice burocrática.
Naturalmente que o Pico,
infelizmente, está, ainda, muito longe do clima de insegurança e medos que se
vive noutras zonas do país sobretudo nos grandes centros urbanos. Mas para lá
iremos se não acabar, rapidamente, com o clima de total impunidade que aqui se
vive.
E o que dói, mais do que tudo, é a
constatação de que tudo isto se poderia resolver de um dia para o outro com a
maior das facilidades. Sem precisar de super-esquadras ou, se calhar, mesmo de
mais efectivos policiais. Bastaria apenas que a polícia começasse a desempenhar
cabalmente a sua missão em ligação e colaboração com as autarquias,
nomeadamente as câmaras, que também são responsáveis pela segurança dos
munícipes.
No fundo o Pico não passa de ima
terra pequena aonde todas a gente sabe tudo o que se passa sobretudo se tiver a
ver com as histórias de alcova do vizinho ou outras de teor igualmente picante!
Como toda a gente, também, sabe quem são os delinquentes e os desordeiros
habituais. E por consequência se não se actua, pelo menos na grande maioria dos
casos, é porque não há vontade de quem pode e deve agir.
Será que vamos mesmo matar a nossa
galinha de ovos de ouro?
P
E D R O DA M A S C E N O
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