FACE
OCULTA
ESQUECIMENTO OU DESINTERESSE?
Em vésperas de discussão e aprovação
do orçamento regional, a questão do aeroporto do Pico parece ter entrado no
esquecimento (?). À parte a intervenção genérica de um deputado da oposição que
ao assunto se referiu, a temática parece ter desaparecido da lista de
prioridades dos vários responsáveis, nomeadamente dos presidentes de câmara da
ilha.
Após o voluntarismo demonstrado no
passado, tudo indica que o assunto aeroporto foi deixado cair. E nem a decisão
conciliatória tomada na apreciação do último orçamento de dotar o Pico de uma
verba para estudar (?) o assunto, teve qualquer seguimento.
Ninguém sabe se o estudo que foi
dotado de verba foi efectuado e, muito menos, quais as suas eventuais
conclusões. Quando o teria feito sentido era que esse estudo – perfeitamente
questionável, tivesse sido feito de imediato de molde a poder instruir e
fundamentar uma decisão em sede de orçamento no presente ano.
Foi para isso que aliás, alertámos a
quem de direito nesta coluna. Que o trabalho preparatório para a inclusão do
orçamento regional para 1996 de uma verba significativa para o aeroporto do
Pico teria quer ser iniciado no dia seguinte à aprovação do orçamento de 1995.
Para que, com tempo, os necessários consensos tivessem sido assegurados.
Mas infelizmente tudo ficou em águas
de bacalhau e o assunto parece ter morrido, pelo menos a nível dos
responsáveis. Isso após o Conselho de Ilha ter, muito claramente definido a
questão da pista como fundamental. Decisão, de resto, apoiada por todas as
forças políticas e pela população em geral.
Circunstância que torna a presente
cortina de silêncio mais pesada, estranha e inexplicável.
Independentemente de qualquer outra
análise, o aumento da pista do Pico, em conjunto com as estradas, continua a
ser a grande prioridade para o desenvolvimento da ilha. Sobretudo tendo em
atenção que o grande sector do turismo se perfilha como a grande alternativa
para o desenvolvimento económico.
Embora se possa perceber que a
Região atravessa dificuldades de carácter financeiro que possam dificultar a
execução imediata do aumento e reformulação da pista, não se pode perceber que
o assunto tenha sido deixado cair, pura e simplesmente. O que pode, inclusive,
fundamentar raciocínios sobre eventuais arranjos políticos de bastidores, em
que a questão da pista tenha servido como moeda de troca para qualquer outra
coisa.
Então, meus senhores, o assunto da
pista é ou não é prioritário?
Se, final de contas, mudaram de
opinião e chegaram à conclusão que não é, terão que assumir isso publicamente e
o respectivo ónus. Se continuam a pensar que é, então terão que explicar porque
deixaram cair o assunto.
Porque as eventuais dificuldades
financeiras do governo não explicam a razão pela qual o estudo previsto nunca
se chegou a fazer ou se chegou porque é que as suas conclusões não foram
tornadas públicas.
A questão de fundo continua a ser
saber se há ou não vontade política de tornar a pisa do Pico operacional. Quer
por parte do Governo Regional quer por parte dos responsáveis políticos do
Pico.
O resto resumir-se-á a questões
técnicas e de calendarização.
O que é essencial para o Pico é uma
decisão política governamental inequívoca. Para a qual são imprescindíveis todo
o tipo de pressões por parte dos deputados, câmaras, conselho de ilha, etc..
E, portanto, o que nos preocupa é
que não tenha sido tomada qualquer decisão e que quem, ontem, se debatia por
esse desiderato tenha, agora, deixado cair os braços.
A questão do aeroporto do Pico, pese
a quem pesar, continua a ser a grande prioridade da ilha, logo de seguida das
estradas e das ligações marítima no triângulo. E as prioridades, obviamente,
não são flutuantes ao sabor de qualquer tipo de conveniências.
Como alertamos no passado, este tipo
de decisões não pode ser deixado para a última hora quando o plano e orçamento
já estão feitos e nada de fundo vai ser alterado.
Custa a crer que os políticos do
Pico, nomeadamente os do PSD, tenham deixado passar mais um ano sem se terem
esforçado para obter os apoios e consensos prévios indispensáveis para
consagração no plano e orçamento de uma reivindicação tão fulcral. Não seria
fundamental que udo fosse executado em 1996 mas era imprescindível que a
decisão estivesse tomada e fosse, ao menos, dotada de uma verba simbólica.
Uma nota muito negativa para os
nossos políticos, sobretudo para os da maioria. Não é assim que se faz
desenvolvimento.
P
E D R O DA M A S C E N O
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