FACE
OCULTA
À CONSIDERAÇÃO DO/A
PRÓXIMO/A PRESIDENTE DO GOVERNO REGIONAL
UMA SECRETARIA
REGIONAL NO PICO
É um dado
adquirido e pacífico que o Turismo é o sector que, nos Açores, poderá
desempenha um papel estruturante decisivo na economia e constituir a grande
vocação de uma região de parcos recursos. Sendo que o grande trunfo que o
arquipélago tem para fazer face a uma feroz concorrência internacional, e mesmo
nacional, na área do turismo são os nossos excepcionais recursos naturais.
O destino Açores
é, face ao preço dos transportes, um destino, necessariamente, caro mas não,
necessariamente, condenado a sucumbir às inexoráveis leis do mercado. Para
tanto bastará que o sector ofereça atractivos específicos e exclusivos. E de
todos eles avulta, sem dúvida, a natureza e o ambiente.
Os Açores são ao
nível da Europa uma autêntica reserva natural com níveis de usufruto,
tranquilidade e segurança muito elevados e com índices de poluição muito
baixos. Factores que aliados a uma boa retaguarda hoteleira e de animação
poderão tornar o arquipélago num caso sério de turismo de qualidade.
Contudo, a
preservação da nossa natureza/ambiente está longe de ser apenas uma questão do
foro do turismo. Bem pelo contrário. A saúde e a qualidade de vida estão lhe,
indissociavelmente, ligadas. O grande mal da modernidade – o stress – está, em
primeira linha, ligado à quebra de um relacionamento do homem para com o seu
habitat natural.
O stress
conhecer o seu início nas servas de betão e poluição que são as grandes
cidades. E, como uma nódoa, tem vindo a alargar-se inexoravelmente ao campo e à
periferia, mercê da ânsia imparável do crescimento económico cego e depredador.
Em poucas décadas o homem sofreu alterações do seu habitat natural extremamente
severas e que nos conduzem a doenças perfeitamente evitáveis.
Circunstâncias
que levaram ao surgimento dos movimentos ecologistas europeus que continuam em
franco crescimento e que vieram influenciar decisivamente os partidos clássicos
que se viram na contingência de perder o comboio. E nenhum político que se
preze deixa de incluir, hoje, no seu discurso, o tema da ecologia.
Infelizmente em
muitas regiões do mundo, incluindo a Europa, não será fácil corrigir os muitos
e graves erros cometidos. Noutras, como a nossa, a situação é bem diferente
sobretudo por causa do atraso no desenvolvimento económico – neste aspecto
providencial. Circunstância que nos permitirá aprender com os erros dos outros
e, se formos capazes, de desenvolver sem poluir ou agredir a natureza.
Razões mais do
que suficientes para que o Ambiente deixe de ser apenas uma direcção regional
integrada numa secretaria que, embora se designe do turismo e ambiente, é muito
mais daquele do que deste. E para além disso o ambiente, embora deva estar
sempre na mente de quem quiser desenvolver a sério o sector do turismo nos
Açores, é muito mais do que isso. É condição “sine qua non” para a nossa saúde
e, sobretudo, para a nossa qualidade de vida.
E não há
desenvolvimento económico que valha a pena se puser em causa a nossa saúde, a
nossa qualidade de vida – únicas razões, aliás, porque valerá a pena
desenvolver. O consumo só pelo consumo é uma perspectiva que apenas poderá
conduzir à exaustação cega dos nossos recursos naturais e à doença. Quantas
inutilidades compramos todos os dias que apenas nos vêm complicar a vida?
Senhor/a futuro/a Presidente do Governo dos Açores
Sobram, assim,
argumentos para que V. Exª. crie no seu governo, saído das próximas eleições
regionais, a Secretaria Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. Secretaria
da maior importância para a preservação e defesa daquilo que é nosso maior
património e que deverá deixar de estar debaixo da alçada dos sectores
económicos mas que, bem pelo contrário, os deverá vir a condicionar.
Para isso será
necessária coragem política e uma boa dose de lucidez intelectual. Mas não
tenha V. Exª. duvidas que de si rezará a história.
Sem pretender
entrar em polémicas antecipadas mas dado que esse departamento governamental
terá que existir fisicamente algures, porque não no Pico? Porque não sediar na
Ilha do Futuro uma Secretaria do Futuro?
Não está escrito
em parte nenhuma e por conseguinte não tem força de lei que as sedes de todos
os departamentos governamentais se tenham que se situar sempre em Ponta
Delgada, Angra do Heroísmo e Horta. A autonomia já amadureceu o suficiente para
que os delicados arranjos políticos da sua arrancada tenham de se manter
imutáveis.
Que ilha melhor
que o Pico, na sua majestade rural e na sua diversificada natureza, poderá dar
acolhimento a um departamento cujo objectivo primordial deverá ser justamente a
defesa de todos esses valores que ela tão bem representa?
P
E D R O DA M A S C E N O
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