Consumir até onde?
Uma vez satisfeitas as necessidade básicas, dinheiro não tem nada a ver com felicidade
Oliver James
Saudando todas as manifestações de progresso económico – enquanto formas saudáveis e sustentáveis de assegurar o progresso social e cultural – parece ser da maior importância reflectir um pouco sobre a “fome” de consumo que começou, visIvelmente, a tomar conta das nossa vidas de ilhéus.
A chegada à nossas terras da cultura do excesso que nos está a atirar, também, para um espiral interminável de compras deve suscitar algumas perguntas quase ingénuas. Quantos pares de sapatos e trapos precisa, realmente, uma pessoa? Quantos carros? Quantas televisões? Perguntas, talvez ingénuas, mas que ninguém se atreve a perguntar numa cultura que estimula o consumo desenfreado e a satisfação imediata dos desejos individuais, por mais disparatados ou fúteis que possam ser.
Atitudes e práticas comunitárias, partilha, sentido de poupança e reciclagem são conceitos que não aumentam a procura de bens de consumo nem tão pouco estimulam o designado “crescimento económico”. Pelo que preferimos ignorar os sinais de aviso – aumento da violência, das depressões, dos suicídios, dos comprtamentos compulsivos – que nos chegam dos “paraísos” de consumo. Ficando-nos por questões bem mais comezinhas como assegurar uma televisão em cada quarto de cada criancinha ou comprar mais um electrodoméstico desnecessário.
O que leva à aparente contradição que afecta, crescentemente as nossas sociedades ocidentais: uma probreza espiritual aguda no meio de prosperidade material inaudita. Enquanto que a nossa qualidade de vida se degrada em virtude de um insaciável apetite por bens materiais, bem aguçado pela publicidade que nos assalta por todo lado (agora até nas casa de banho?) e nos cria novas insatisfações que nos levam a comprar mais.
Levando a situações caricatas como a da existência de um programa de televisão inglês que se propõe ajudar os espectadores a desembaraçarem-se das coisas desnecessárias acumuladas em casa! Obviamente escamoteando a questão de fundo: não comprar desmedidamente coisas desnecessárias apenas por causa dum anúncio ou de manter a paridade com o vizinho do lado! Daí que a aquisição demesurada de bens materiais não faz parte da solução que vise assegurar o crescimento económico, sustentável e socialmente, justo mas sim parte do problema.
Levando a que um dos grandes dilemas da “prosperidade” seja o que de que quanto mais tens mais queres não tendo sido possível encontrar consenso, mesmo em países bem mais ricos que o nosso, para encontrar patamares de conforto e bem estar e que, simultaneamente, satisfaçam as pessoas e permitam parar com a exploração desenfreada do planeta – nossa única e verdadeira casa. Mas que, pelo contrário, que o “virus” do consumismo do nosso estilo de vida ocidental se esteja e espalhar pelo mundo a ponto do presidente chinês ter apontado como meta para 2020 quadriplicar o PIB da China, obviamente através do aumento do consumo dos cidadãos!
Talvez que uma das vacinas possíveis para esse virús seja alimentar a nossa espiritualidade e, por aí, redefinir os nossos conceitos de qualidade de vida, medindo a prosperidade não apenas pelo crescimento contínuo do PIB mas por outros parametros nada menos importantes: ar e água puros, boa saúde, biodiversidade assegurada, paz e tranquilidade, etc, etc. Pelo que seria importante retomar velhos hábitos que, na nossa terra, ainda não estão tão distantes: deixar de nos preocuparmos tanto com o que não temos para nos preocuparmos mais com o que podemos partilhar.
Deixando no ar não a pergunta sacramental de quanto temos e até onde podemos consumir mas aquela que é, efectivamente, crucial: até onde vão o planeta e as comunidades que nele vivem aguentar?
P E D R O D A M A S C E N O
Uma vez satisfeitas as necessidade básicas, dinheiro não tem nada a ver com felicidade
Oliver James
Saudando todas as manifestações de progresso económico – enquanto formas saudáveis e sustentáveis de assegurar o progresso social e cultural – parece ser da maior importância reflectir um pouco sobre a “fome” de consumo que começou, visIvelmente, a tomar conta das nossa vidas de ilhéus.
A chegada à nossas terras da cultura do excesso que nos está a atirar, também, para um espiral interminável de compras deve suscitar algumas perguntas quase ingénuas. Quantos pares de sapatos e trapos precisa, realmente, uma pessoa? Quantos carros? Quantas televisões? Perguntas, talvez ingénuas, mas que ninguém se atreve a perguntar numa cultura que estimula o consumo desenfreado e a satisfação imediata dos desejos individuais, por mais disparatados ou fúteis que possam ser.
Atitudes e práticas comunitárias, partilha, sentido de poupança e reciclagem são conceitos que não aumentam a procura de bens de consumo nem tão pouco estimulam o designado “crescimento económico”. Pelo que preferimos ignorar os sinais de aviso – aumento da violência, das depressões, dos suicídios, dos comprtamentos compulsivos – que nos chegam dos “paraísos” de consumo. Ficando-nos por questões bem mais comezinhas como assegurar uma televisão em cada quarto de cada criancinha ou comprar mais um electrodoméstico desnecessário.
O que leva à aparente contradição que afecta, crescentemente as nossas sociedades ocidentais: uma probreza espiritual aguda no meio de prosperidade material inaudita. Enquanto que a nossa qualidade de vida se degrada em virtude de um insaciável apetite por bens materiais, bem aguçado pela publicidade que nos assalta por todo lado (agora até nas casa de banho?) e nos cria novas insatisfações que nos levam a comprar mais.
Levando a situações caricatas como a da existência de um programa de televisão inglês que se propõe ajudar os espectadores a desembaraçarem-se das coisas desnecessárias acumuladas em casa! Obviamente escamoteando a questão de fundo: não comprar desmedidamente coisas desnecessárias apenas por causa dum anúncio ou de manter a paridade com o vizinho do lado! Daí que a aquisição demesurada de bens materiais não faz parte da solução que vise assegurar o crescimento económico, sustentável e socialmente, justo mas sim parte do problema.
Levando a que um dos grandes dilemas da “prosperidade” seja o que de que quanto mais tens mais queres não tendo sido possível encontrar consenso, mesmo em países bem mais ricos que o nosso, para encontrar patamares de conforto e bem estar e que, simultaneamente, satisfaçam as pessoas e permitam parar com a exploração desenfreada do planeta – nossa única e verdadeira casa. Mas que, pelo contrário, que o “virus” do consumismo do nosso estilo de vida ocidental se esteja e espalhar pelo mundo a ponto do presidente chinês ter apontado como meta para 2020 quadriplicar o PIB da China, obviamente através do aumento do consumo dos cidadãos!
Talvez que uma das vacinas possíveis para esse virús seja alimentar a nossa espiritualidade e, por aí, redefinir os nossos conceitos de qualidade de vida, medindo a prosperidade não apenas pelo crescimento contínuo do PIB mas por outros parametros nada menos importantes: ar e água puros, boa saúde, biodiversidade assegurada, paz e tranquilidade, etc, etc. Pelo que seria importante retomar velhos hábitos que, na nossa terra, ainda não estão tão distantes: deixar de nos preocuparmos tanto com o que não temos para nos preocuparmos mais com o que podemos partilhar.
Deixando no ar não a pergunta sacramental de quanto temos e até onde podemos consumir mas aquela que é, efectivamente, crucial: até onde vão o planeta e as comunidades que nele vivem aguentar?
P E D R O D A M A S C E N O
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