Aventuras e Desventuras
do
Transito no Pico
É sobejamente conhecido o perigo que representa circular, hoje em dia, nas estradas do Pico. E se mais acidentes não há, isso deve-se exclusivamente ao baixo tráfego viário que torna a hipótese de acidente menos provável. Porque de resto os ingredientes estão todos lá: manobras perigosas para todos os gostos, álcool, excesso de velocidade, falta de civismo e, em último lugar mas não menos importante, policiamento praticamente inexistente.
Polícia que para além de umas patrulhas (?) de objectivos não identificados e de estacionar nos respectivos postos se especializou na caça à multa e em chatear, com documentos ou questões menores, os condutores. Conseguindo, desse modo, a proeza notável de conseguir não estar presente em “95,5%” das situações em que devia estar!
Mas como se tudo isto não fosse, por si, um fado bem triste está, agora, a consolidar-se a última moda que é colocar um radar num sítio em que se sabe, antecipadamente, que as pessoas circulam a velocidades superiores às autorizadas, tirar a fotografiazita e ... pum ... multar, sem apelo nem agravo, o incauto que por acaso não sabia que nesse dia a polícia estava a fazer uma “operação stop”. Sítios escolhidos a dedo, ou por serem especialmente convidativos à velocidade ou por terem limites ridículos como os malfadados 30 Km que nunca ninguém respeita, nem mesmo os polícias a menos que se saiba que o radar está lá!...
E, assim, fica o “dever cumprido” e os condutores prevaricadores “exemplarmente” punidos. Embora no minuto seguinte volte tudo à mesma e valha tudo mesmo tirar olhos. Como as tais beatas que vão à igreja tomar nosso senhor e bater com a mão no peito enquanto que pensam no próximo mexerico!
Isto num contexto em que se sabe que o excesso de velocidade (mesmo aquele que é mesmo excesso a sério) é apenas um dos componentes do acidente sendo que as manobras perigosas e o álcool no sangue são factores bem mais relevantes. Os acidentes ocorrem, habitualmente, pela associação de um conjunto de causas diversos que urge evitar na sua globalidade, incluindo as questões relacionadas, tão somente, com a fala de civismo.
Naturalmente que não se contesta a necessidade ou mesmo a obrigatoriedade de cumprir a lei. O que se contesta, em absoluto, é que apenas se procure fazer cumprir aquilo que dá menos trabalho à polícia e que, pelo seu pendor administrativo, seja menos difícil de contestar. É, com certeza, muito mais fácil tirar uma fotografia de circulação a 50 Km num local de 30 do que intervir numa situação de uma ultrapassagem perigosa (mais susceptível de gerar discussão e contestação) sendo que esta é muito mais susceptível de gerar acidentes.
Quanto a nós um dos erros mais elementares da política de cobertura policial das ilhas é a colocação em meios, necessariamente pequenos, de agentes naturais dessas ilhas. Situação que apenas potencia um grau de permissividade inadmissível no plano institucional, embora compreensível no plano humano. Não nos parece curial nem prudente colocar os agentes, sobretudo aqueles que iniciam a sua carreira, em dilemas que não podem existir quando se tratar de aplicar e fazer aplicar a lei.
A polícia deve, a nosso ver, ser essencialmente uma força de presença, persuasão e mesmo de pedagogia. Sem esquecer aspectos repressivos e punitivos que têm que existir, a polícia tem um papel imprescindível na segurança dos cidadãos e dos seus bens, de forma activa e empenhada. Não se pode ficar pelos gabinetes e pelas resmas de papeis. Ser polícia não pode ser apenas outra forma de ser funcionário público (com o devido respeito para os ditos funcionários que cumprem os seus deveres!) mas tem de ser uma forma de garantir liberdades, direitos e garantias.
Se há poucos polícias que se contractem mais. Se ganham pouco que se lhes pague mais. Mas que se assegure uma presença forte e pro activa da polícia. O crime é como a droga, atrás do pequeno vem o grande. Que se multe menos e patrulhe mais.
A não ser assim conduzir no Pico continuará a ser uma aventura e, tanta vezes, mesmo uma desventura. Basta olhar apenas para o número crescente de pessoas que perde, desnecessariamente, a vida nas nossas estradas.
do
Transito no Pico
É sobejamente conhecido o perigo que representa circular, hoje em dia, nas estradas do Pico. E se mais acidentes não há, isso deve-se exclusivamente ao baixo tráfego viário que torna a hipótese de acidente menos provável. Porque de resto os ingredientes estão todos lá: manobras perigosas para todos os gostos, álcool, excesso de velocidade, falta de civismo e, em último lugar mas não menos importante, policiamento praticamente inexistente.
Polícia que para além de umas patrulhas (?) de objectivos não identificados e de estacionar nos respectivos postos se especializou na caça à multa e em chatear, com documentos ou questões menores, os condutores. Conseguindo, desse modo, a proeza notável de conseguir não estar presente em “95,5%” das situações em que devia estar!
Mas como se tudo isto não fosse, por si, um fado bem triste está, agora, a consolidar-se a última moda que é colocar um radar num sítio em que se sabe, antecipadamente, que as pessoas circulam a velocidades superiores às autorizadas, tirar a fotografiazita e ... pum ... multar, sem apelo nem agravo, o incauto que por acaso não sabia que nesse dia a polícia estava a fazer uma “operação stop”. Sítios escolhidos a dedo, ou por serem especialmente convidativos à velocidade ou por terem limites ridículos como os malfadados 30 Km que nunca ninguém respeita, nem mesmo os polícias a menos que se saiba que o radar está lá!...
E, assim, fica o “dever cumprido” e os condutores prevaricadores “exemplarmente” punidos. Embora no minuto seguinte volte tudo à mesma e valha tudo mesmo tirar olhos. Como as tais beatas que vão à igreja tomar nosso senhor e bater com a mão no peito enquanto que pensam no próximo mexerico!
Isto num contexto em que se sabe que o excesso de velocidade (mesmo aquele que é mesmo excesso a sério) é apenas um dos componentes do acidente sendo que as manobras perigosas e o álcool no sangue são factores bem mais relevantes. Os acidentes ocorrem, habitualmente, pela associação de um conjunto de causas diversos que urge evitar na sua globalidade, incluindo as questões relacionadas, tão somente, com a fala de civismo.
Naturalmente que não se contesta a necessidade ou mesmo a obrigatoriedade de cumprir a lei. O que se contesta, em absoluto, é que apenas se procure fazer cumprir aquilo que dá menos trabalho à polícia e que, pelo seu pendor administrativo, seja menos difícil de contestar. É, com certeza, muito mais fácil tirar uma fotografia de circulação a 50 Km num local de 30 do que intervir numa situação de uma ultrapassagem perigosa (mais susceptível de gerar discussão e contestação) sendo que esta é muito mais susceptível de gerar acidentes.
Quanto a nós um dos erros mais elementares da política de cobertura policial das ilhas é a colocação em meios, necessariamente pequenos, de agentes naturais dessas ilhas. Situação que apenas potencia um grau de permissividade inadmissível no plano institucional, embora compreensível no plano humano. Não nos parece curial nem prudente colocar os agentes, sobretudo aqueles que iniciam a sua carreira, em dilemas que não podem existir quando se tratar de aplicar e fazer aplicar a lei.
A polícia deve, a nosso ver, ser essencialmente uma força de presença, persuasão e mesmo de pedagogia. Sem esquecer aspectos repressivos e punitivos que têm que existir, a polícia tem um papel imprescindível na segurança dos cidadãos e dos seus bens, de forma activa e empenhada. Não se pode ficar pelos gabinetes e pelas resmas de papeis. Ser polícia não pode ser apenas outra forma de ser funcionário público (com o devido respeito para os ditos funcionários que cumprem os seus deveres!) mas tem de ser uma forma de garantir liberdades, direitos e garantias.
Se há poucos polícias que se contractem mais. Se ganham pouco que se lhes pague mais. Mas que se assegure uma presença forte e pro activa da polícia. O crime é como a droga, atrás do pequeno vem o grande. Que se multe menos e patrulhe mais.
A não ser assim conduzir no Pico continuará a ser uma aventura e, tanta vezes, mesmo uma desventura. Basta olhar apenas para o número crescente de pessoas que perde, desnecessariamente, a vida nas nossas estradas.
Nota do A: o número 95, 5 % é aleatório mas traduz com grande acuidade a realidade
P E D R O D A M A S C E N O
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