sexta-feira, agosto 11, 2006

Guerras, mentiras e paixões

A religião é o ópio do povo
Karl Marx


Guerras, mentiras e paixões


A guerra é, por definição, um acto extremo e intrinsicamente violento. Guerra é guerra. Não há guerras civilizadas nem justas. Pode haver, quando muito, guerras inevitáveis. Mas sempre caracterizadas por um rosário de horrores e iniquidades.

E assim é a guerra que ocorre no Médio Oriente. Com tudo o que de mal tem uma guerra: gerando ódios e paixões e espalhando um rasto de sangue. Mas uma guerra, pelos vistos, inevitável e, ainda por cima, para muitos uma “guerra santa”.

Sendo que “guerra santa” é um conceito dotado da mais profunda das ironias. Como se fosse possível misturar religião – que, seja ela qual for, procura a paz e o amor – com actos da maior violência. Uma guerra pode ser tudo menos “santa”.

Dando actualidade a Karl Marx que, não tendo razão em muito do que escreveu, percebeu o papel fundamental que a religião pode ter na manipulação de massas primárias, incultas e injustiçadas.

A paz no Médio Oriente só será possível quando co-existirem um estado de Israel seguro e reconhecido pelos seus vizinhos e um estado Palestiniano económicamente viável, democrático e socialmente equilibrado. Deixando de fora, quer o judaísmo quer o islamismo.

Embora política e religião tenham andado, tantas vezes, de mão dada são uma mistura que, invariavelmente, não conduziu nem à paz nem a maior justiça. Bem pelo contrário potenciou ódios, extremismos e guerras.

Israel é um estado soberano, democrático e próspero. Uma realidade irreversível e um exemplo de persistência, trabalho e capacidade. Palestina é um ideal a conquistar para um povo que tem sido e continua a ser carne de canhão para extremismos religiosos e regimes ditatoriais.

Um povo que terá de encontrar o seu caminho fora dos presentes envenados que lhes estendem o Hamas e o Hezbollah que os usam como escudos humanos. Não hesitando mesmo em usar terceiros como foi o recente caso dos observadores da ONU, situação para a qual que um deles tinha alertado.

O Hezbollah devidamente financiado e armado por Teerão e Damasco não é apenas um perigo para Israel. É um perigo objectivo para os países moderados da área e para todos nós. Ajudando, para além do resto, a fazer “esquecer” a escalada nuclear do Irão.

Não sendo por acaso que se noticiou um número de vítimas em Qana que depois se verificou ser metade. O que não retirando o horror à situação vem ilustrar a guerra de mentiras que, também, se vem desenvolvendo.

O Hamas, o Hezbollah e a Al Quaeda são farinha do mesmo saco. Que tanto ataca no Médio Oriente como no Iraque, Londres, Madrid ou Nova Iorque. Extremistas religiosos que fomentam o ódio e o horror indiscriminados.

Israel não está, naturalmente, isento de culpas e erros sobretudo por causa de uma intolerável política de implantação de colonatos nas áreas ocupadas. Tendo, também, no seu interior extremismos religiosos inaceitáveis.

Mas meter no mesmo saco Israel e aquelas organizações é não perceber, em definitivo, a diferença entre civilização e selva como escrevia recentemente um cronista.

O Irão, secundado pela Síria, não está preocupado, essencialmente, com o povo palestiniano. O seu objectivo visa o coração da nossa civilização e da própria democracia que estando longe de serem perfeitas estão, apesar de tudo, a anos-luz na defesa dos direitos, liberdades e garantias.

Daí que seja crucial não nos deixarmos tomar por emoções ou paixões frente ao bombardeamento mediático a que estamos sujeitos. A estratégia dos extremistas visa “criar uma espiral de ódio” que mine o terreno aos moderados e não deixe campo de manobra para acordos políticos.

“E na guerra a vantagem está sempre do lado dos mais ferozes, cruéis e desumanos”.



P E D R O D A M A S C E N O

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