sexta-feira, março 16, 2007

Economia Espiritual

Vivemos uma vida de alto nível de toxicidade – material e espiritual
Alfredo Sfeir-Younis



Economia Espiritual

Na época da entronização da economia de mercado como o motor essencial do crescimento e do progresso torna-se essencial avaliar a direcção em que segue o nosso estilo de vida e os valores pelos quais nos regemos.

Sobretudo num mundo em que 2% da população mundial possui metade da riqueza do planeta ao mesmo tempo que os 50% mais pobres não possuem sequer 1% dessa riqueza!

Não basta analisar o volume de riqueza criada. É preciso, sobretudo, analisar no que ela é utilizada e, ainda mais, como ela é distribuída.

Sem pôr em causa os princípios do mérito, da iniciativa e do trabalho não é possível ignorar que riqueza gera riqueza e que a igualdade de oportunidades é uma meta bem longínqua na maior parte do planeta.

Igualdade de oportunidades implica idêntico acesso ao ensino e ao conhecimento para além do sítio em que se nasceu ou da família de que provêm. Para pessoas com capacidades semelhantes faz toda diferença ter nascido na Etiópia ou nos Estados Unidos.

Da mesma forma que ter nascido de uma família com posses e cultura dá uma vantagem à partida totalmente diferente de quem nasceu num meio familiar de exclusão e marginalidade.

Pelo que uma economia mundial que não se reja com base nos direitos humanos mas que procure uma globalização que beneficie em primeiro lugar as economias já mais privilegiadas terá sempre que se basear no primado da força.

Sem esquecer, também, que nos ditos custos de produção que classicamente têm a ver com mão-de-obra, utilização de equipamentos e energia, matérias-primas, etc. não são, por norma, contabilizados os custos ambientais.

Mas como os nossos recursos naturais são finitos e o ambiente é extremamente sensível faz todo sentido que esses custos para além de deverem ser minimizados deveriam, também, ser contabilizados como custos e reinvestidos na preservação da natureza.

Objectivos que só poderão atingidos quando a economia mundial se começar a orientar por princípios espirituais e, o mesmo é dizer, por princípios de liberdade, solidariedade, justiça, paz e amor.

Sendo o amor a palavra que, porventura, soará mais estranha aos apologistas da economia pura e dura – virada essencialmente para o lucro e para o seu crescimento contínuo.

Uma economia para ser viável tem que se reger, necessariamente, por boa gestão e por normas de cálculo mas pode e deve ter valores de equilíbrio e justiça para se poder tornar sustentável.

Quantas guerras, quantas tragédias não têm ocorrido e continuam a ocorrer em nome de interesses económicos que mais não visam que um lucro desenfreado? Quantas tentativas de ajuda humanitária não têm chegado aos seus destinatários por causa da usura e da corrupção?

Havendo “gente que come demais e gente que não têm de comer” algo vai mal sendo, por isso, indispensável que a felicidade do homem passe a ser um factor de avaliação do sucesso da economia.

Uma economia sem coração será sempre, a curto ou a longo prazo, votada ao insucesso. E os sinais andam todos por aí.


P E D R O D A M A S C E N O

1 comentário:

Anónimo disse...

O que podemos nós sociedade e individuais começar por fazer pela economia espiritual?