sexta-feira, junho 06, 2008

IDOSO - Um novo paradigma

IDOSO
Um novo paradigma



Longe vão os tempos em que o ser humano tinha uma esperança de vida ao nascer de 25 anos. Neste lado do mundo, nomeadamente no nosso país, essa expectativa já ultrapassou os 80 anos para as mulheres e os 75 (78 na Islândia) para os homens.

Sendo que a ideia do velhota/e de 50 e tal anos está totalmente ultrapassada e, consequentemente, aceite a ideia de que há vida para além da menopausa/andropausa. Os velhotes de há 30 anos atrás são, hoje, um grupo etário activo e cheio de vida.

E as expectativas de maior longevidade não param de crescer. No mundo científico pensa-se que o crescimento exponencial dos conhecimentos médicos sobretudo nos campos molecular e da genética irá possibilitar a vida acima da barreira dos 150 anos e mesmo mais!

Sendo os centenários – cada vez mais frequentes – uma realidade que já não espanta ninguém não surpreende, também, que as pessoas tenham progressivas expectativas de longa vida.

Sendo o envelhecimento e a morte inevitabilidades da condição de seres vivos todos temos, contudo, o sonho da juventude eterna. Que perseguimos através de sofisticados meios técnicos de rejuvenescimento e do culto de uma aparência que nos retire o rótulo de velhos.

E, realmente, um bem conservado cidadão de 70 anos de hoje nada tem a ver com um cinquentão de há 100 anos atrás. Sobretudo se aquele tiver os adequados cuidados com o diagnóstico precoce, prevenção e tratamento das doenças relacionadas com o envelhecimento.

O estado de arte da medicina do anti-envelhecimento, uma especialidade em crescimento extremamente rápido, já permite acrescentar à longevidade uma grande qualidade de vida.

O cérebro humano, ao contrário do que se pensava ainda há pouco tempo, mantém a sua vitalidade ao longo dos anos. Sendo apenas indispensável que seja protegido e mantenha uma boa actividade. A neurogénese – o aparecimento de novos neurónios (células cerebrais) – em idades avançadas é um facto estabelecido.

E o cérebro, director executivo do nosso corpo, é o responsável pela sinfonia da consciência – o bem mais precioso do Homen Sapiens e que lhe possibilita aquilo que o separa de todos outros seres vivos: o livre arbítrio.

O que vem pôr em causa o velho paradigma do idoso reformado e de pantufas aguardando, com resignação, a morte.

É hoje possível atingir idades avançadas com grande qualidade de vida e com capacidade de participação e envolvimento social. O sofisticado cérebro de um idoso em boa condição tem capacidades cognitivas e de conhecimento que levam, facilmente, a melhor com um jovem.

As velhas ideias da idade da reforma para ir para o seu cantinho estão em vias de extinção. O idoso quer participar e sentir-se útil e activo tendo todas as condições para isso. Sendo, simultaneamente, essa postura a única que lhe poderá conferir qualidade aos anos.

A sociedade precisa dos cidadãos seniores como de pão para a boca. A pujança da juventude tem que ser temperada com a sabedoria da idade e sabedoria da idade tem que ser estimulada com a pujança da juventude.

Aí está o novo paradigma. Velhos – como diz o povo – são os trapos.


PEDRO DAMASCENO

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