sexta-feira, julho 18, 2008

POBRE ONU!

POBRE ONU!



Para quem ainda tivesse dúvidas, a incapacidade da ONU para decidir aplicar sanções severas ao regime totalitário, torcionário e sanguinário de Robert Mugabe e ao “seu” Zimbabué é sinónimo da sua nulidade.

A ONU não serve, no presente figurino, para nada. Ou melhor serve para fingir que a comunidade internacional tem um organismo que defende o direito internacional e assegura o respeito pelos direitos humanos.

Quando na prática acaba por sancionar as maiores iniquidades e ser, ela própria, agente de atrocidades como os mais recentes casos de violações e abusos perpetrados pelos seus soldados – os capacetes azuis.

A intervenção no Kosovo e a ocupação do Iraque são, por razões diferentes, dois falhanços clássicos que bem se inserem no rol de incapacidades e falhanços da comunidade internacional na Somália, no Ruanda, na Chechénia. Juntando a impotência geral perante o Darfour, o Tibete, a Birmânia e, agora, o Zimbabué.

A ONU não serve, nem sequer, para tapar o sol com a peneira.

Acaba por ser pior manter uma farsa colossal, que custa à comunidade internacional verbas colossais, do que assumir que a ONU como organização destinada a promover a concórdia e a paz, está morta e enterrada.

Embora os Estados Unidos tenham perdido a hegemonia indiscutível de que dispunham na arena internacional, a eleição do próximo presidente poderá mostrar-se crucial para o futuro daquela organização.

Se dessa eleição sair Presidente que assuma uma liderança pró activa no sentido de iniciar um processo de reforma profunda e valorização de um órgão que se pode mostrar crucial nos novos equilíbrios internacionais.

Uma ONU que tenha em linha de conta o bloco das democracias consolidadas mas que assuma o papel emergente da China, da Índia, da Rússia e do bloco islamista liderado pelo Irão e que não se esqueça da África e da América do Sul.

O mundo hoje está diferente, muito diferente. Com um declínio claro dos Estados Unidos e a ameaça silenciosa do fundamentalismo islâmico que se pode vir a mostrar o grande perigo do século. E uma China que já domina no mundo financeiro e se expande incessantemente.

O veto da China e da Rússia às sanções ao Zimbabué não surpreendeu dados os antecedentes conhecidos daqueles países. Mas veio por a nu, mais uma vez, a total incapacidade da comunidade internacional para lidar com os mais elementares arremedos de estado e as mais brutais ditaduras.

O Zimbabué passou de um país rico a um país miserável aonde se morre ou de fome ou de tiros, capitaneado por um desviante tirano octogenário acompanhado de uma esposa que esbanja ostensivamente nas capitais da moda o que o país não tem.

Uma opereta do pior gosto que se mantêm como prova de vida da impotência de uma organização que deveria ser justamente o garante das liberdades e dos direitos desde o cume dos Himalaias até às cordilheiras do Peru, passando por tudo o resto.

Pobre ONU!


P E D R O D A M A S C E N O

Sem comentários: