sexta-feira, janeiro 23, 2009

Boa, Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa!

Quem é que em Portugal já leu o Alcorão?
Cardeal Patriarca de Lisboa



Boa, Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa!


A tempestade num copo de água, gerada por alguns comentários recentes sobre muçulmanos proferidos pelo Cardeal Patriarca de Lisboa, suscita algumas reflexões sobre o tema das religiões e do diálogo entre elas.

O que o Cardeal Patriarca disse, em tom descontraído e coloquial, foi: Cautela com os amores, pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem; pensem muito seriamente. É meter-se num monte de sarilhos, nem Alá sabe onde é que acabam.

O que não sendo politicamente correcto é de grande bom senso e uma dose apreciável de coragem. Coragem que falta, muitas vezes, em nome de uma tolerância para quem não tem qualquer dose da dita. Ou, novamente, nas palavras do Cardeal: só é possível dialogar com quem quer dialogar e com os nossos irmãos muçulmanos o diálogo é muito difícil.

Palavras certeiras num mundo que se verga ao fundamentalismo islâmico que trouxe à era moderna uma onda de insegurança e intolerância como há muito não era visto.

Claro que a religião muçulmana em si, especialmente o Corão, não é exclusivamente representada por essa intimidação a uma escala mundial. Há, com certeza, milhares de muçulmanos que não se revêem nesse radicalismo. Gente que segue a religião com sentido de tolerância e amor.

Sobre isso não deverá haver dúvidas. Sobretudo os muçulmanos que vivem em países democratas que não são, sem excepção, muçulmanos. Porque os países assumidamente muçulmanos não são, também sem excepção, democratas.

Sendo possível que uma jovem católica ou de qualquer outra religião se possa casar com um muçulmano moderado e usufruir, num país não muçulmano, de uma relação plena de respeito e tolerância é muito difícil que tal possa acontecer num país do eixo islâmico fundamentalista.
E foi positivo que uma pessoa com as responsabilidades do Cardeal Patriarca tivesse feito essa chamada de atenção. Porque as vozes muçulmanas moderadas não devem conseguir chegar ao céu, esmagadas pelo ruído ensurdecedor dos sectores radicais.

Nada como chamar os bois pelos nomes. Sendo de apreciar que tal tenha vindo do mais alto responsável de uma Igreja que não nos habituou, propriamente, à frontalidade. Desta vez os paninhos quentes ficaram a aguardar melhor oportunidade.

É indispensável denunciar publicamente as teocracias que em nome de Deus espalham e fomentam o ódio como se tal fizesse qualquer sentido. Deus que nunca publicamente se veio manifestar, pelo menos nos tempos modernos.

Como D. José Policarpo disse, só é possível dialogar com quer dialogar. E já agora, acrescento eu, com quem procura o caminho da paz. Nunca com quem procura o confronto, a violência e o terrorismo.

Nem todos os muçulmanos são terroristas. Bem verdade. Mas hoje não restam dúvidas que o fundamentalismo islâmico – única voz do Islão que se consegue ouvir – é o seu grande patrocinador.



PEDRO DAMASCENO

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