sexta-feira, janeiro 30, 2009

Eu, também, tenho um sonho!

I have a dream!
Martin Luther King Jr.




Eu, também, tenho um sonho!


Anos de 2008, 2009, 2010 (?) …. de crise, de recessão e de outros tantos palavrões que, ao fim e ao cabo, significam ainda mais dificuldades para quem já não estava muito bem.

O fim do fantasia do capitalismo sempre em crescimento e do dinheiro fácil. O fim do conto do vigário planetário com dinheiro gerando dinheiro sem criação de riqueza.

Não o fim do capitalismo, enquanto sistema baseado no principio da propriedade privada dos meios de produção e na livre iniciativa. Porque esse está para ficar e para durar.

Como a própria democracia, o capitalismo é o mal menor. Não sendo perfeito foi o sistema que permitiu avanços notáveis à humanidade e possibilitou o acesso à riqueza e bem-estar a um número recorde de pessoas.

Mas tinha, no seio, perversidades que vieram, agora, manifestar-se de uma forma incontornável. Sendo a corrupção generalizada, porventura, a mais grave. Essencialmente porque abarcou quem devia assegurar o funcionamento equilibrado do sistema.

Sendo a matriz cultural de tudo isso o endeusamento do consumo como forma suprema de felicidade e o estatuto social/económico com o meta última do sucesso. Deixando para trás as palavras luminosas de Albert Einsten: tenta ser um homem de valor em vez de tentares ser um homem de sucesso.

Eu, também, tenho um sonho!

Que esta crise/recessão tenha o condão de abrir o coração e a mente de um número crítico de pessoas. Que os faça perceber que o que se passou e está a passar é a falência da ambição desmedida, sem princípios e sem alma.

Porque a crise não é só financeira e moral é, também, ambiental. Sendo esta bem mais grave porque atinge o planeta, a nossa casa colectiva. Viver com pouco dinheiro e sem princípios é difícil mas viver sem as condições naturais indispensáveis à vida é impossível.

A delapidação dos nossos recursos naturais é uma realidade, de consequências práticas da maior gravidade, que já não é possível ignorar por mais tempo. As palavras avisadas, de quem tem lutado na linha da frente do ambientalismo, têm plena confirmação.

Eu tenho um sonho que um número crítico de pessoas perceba que o fosso de riqueza e bem-estar entre nações e pessoas só augura conflitos e violência. Que perceba que não pode haver paz aonde não há pão que chegue.

Que perceba que temos que por um ponto final á nossa ambição de ter cada vez mais e mais. Que o nosso patamar de conforto, segurança e prosperidade tem que ter como limites um mínimo de dignidade para todo e qualquer ser humano e a preservação do planeta.

Que um número crítico de pessoas deixe de desbaratar no supérfluo e se empenhe, de forma pro-activa, em actividades cívicas e políticas que consigam moralizar o nosso sistema corrupto e decadente.

Que um número crítico de pessoas volte aos princípios e aos valores para engrossar o número daqueles que – vindo das mais variadas origens ideológicas ou confessionais – já estão empenhados na mudança indispensável e urgente mas, também, possível.

Eu, também, tenho um sonho!



P E D R O D A M A S C E N O

Sem comentários: