sexta-feira, julho 24, 2009

São rosas, meu Senhor!

São rosas, meu Senhor!



Faz parte do nosso património religioso e cultural a mentira piedosa que a Rainha D. Isabel pregou ao seu marido, El-Rei D. Dinis. Uma lenda que sempre entusiasma quem a ouve.

Vem isto a propósito ou a despropósito do turismo nos Açores. Considerado um potencial de desenvolvimento económico tem-se sobre ele mantido algumas mentiras piedosas.

Analisando-o sob a perspectiva do aumento do numero de camas e de dormidas tem-se defendido a tese de que o sector mantêm um bom crescimento e que as perspectivas de futuro são animadoras.

Mas basta uma pequena rabanada de vento como a paragem da vinda para São Miguel dos suecos para que seja claro que o negócio do turismo é uma actividade de 3 meses. E o que o resto é um arrastar-se para aí.

O turismo na Região tem inegáveis potencialidades porque temos recursos naturais únicos na Europa e uma estabilidade e segurança invejáveis sendo que os segmentos do turismo de natureza e bem-estar são os que mais crescem.

Contudo os transportes mantêm-se exorbitantemente caros e as acessibilidades inadequadas, faltando um conceito que venha dar uma resposta estruturante para as longuíssimas noites da época baixa.

As mais-valias acumuladas nos três meses de Verão são, rapidamente, comidas pelas despesas do exercício da actividade no longo período em que procura cai abruptamente.

E assim o investimento fica-se mesmo por aí. Sendo bom quando já é possível assegurar as despesas fixas e o serviço da dívida durante todo o ano. Reinvestir torna-se, por conseguinte, crescentemente problemático.

O turismo precisa nos Açores de um grande abanão.

Sendo essencial criar um verdadeiro “brainstorming” que envolva agentes económicos, políticos e, por fim, profissionais internacionais do turismo vocacionados para estabelecer diagnósticos e propor medidas.

Iniciativa e custos que devem caber ao Governo Regional que agora encetou funções e que precisa de encontrar uma resposta cosmopolita, criativa e global para o sector.

Dizer que são rosas o que, verdadeiramente, são espinhos não colhe e, muito menos, serve um objectivo nobre como o defendido pela Rainha D. Isabel. Sendo certo que os tempos são de crise podem, por isso mesmo, aguçar o engenho e a arte.

Fica o desafio.


P E D R O D A M A S C E N O

1 comentário:

Anónimo disse...

Não encontrei no seu blog a crónica intitulada "Viver e morrer em Nova Iorque" que se encontra no jornal Ilha Maior e, por isso, estou a comentar aqui. Só o queria informar que Cantanhede é cidade logo, Renato Seabra não é um puto provinciano!