São rosas, meu Senhor!
Faz parte do nosso património religioso e cultural a mentira piedosa que a Rainha D. Isabel pregou ao seu marido, El-Rei D. Dinis. Uma lenda que sempre entusiasma quem a ouve.
Vem isto a propósito ou a despropósito do turismo nos Açores. Considerado um potencial de desenvolvimento económico tem-se sobre ele mantido algumas mentiras piedosas.
Analisando-o sob a perspectiva do aumento do numero de camas e de dormidas tem-se defendido a tese de que o sector mantêm um bom crescimento e que as perspectivas de futuro são animadoras.
Mas basta uma pequena rabanada de vento como a paragem da vinda para São Miguel dos suecos para que seja claro que o negócio do turismo é uma actividade de 3 meses. E o que o resto é um arrastar-se para aí.
O turismo na Região tem inegáveis potencialidades porque temos recursos naturais únicos na Europa e uma estabilidade e segurança invejáveis sendo que os segmentos do turismo de natureza e bem-estar são os que mais crescem.
Contudo os transportes mantêm-se exorbitantemente caros e as acessibilidades inadequadas, faltando um conceito que venha dar uma resposta estruturante para as longuíssimas noites da época baixa.
As mais-valias acumuladas nos três meses de Verão são, rapidamente, comidas pelas despesas do exercício da actividade no longo período em que procura cai abruptamente.
E assim o investimento fica-se mesmo por aí. Sendo bom quando já é possível assegurar as despesas fixas e o serviço da dívida durante todo o ano. Reinvestir torna-se, por conseguinte, crescentemente problemático.
O turismo precisa nos Açores de um grande abanão.
Sendo essencial criar um verdadeiro “brainstorming” que envolva agentes económicos, políticos e, por fim, profissionais internacionais do turismo vocacionados para estabelecer diagnósticos e propor medidas.
Iniciativa e custos que devem caber ao Governo Regional que agora encetou funções e que precisa de encontrar uma resposta cosmopolita, criativa e global para o sector.
Dizer que são rosas o que, verdadeiramente, são espinhos não colhe e, muito menos, serve um objectivo nobre como o defendido pela Rainha D. Isabel. Sendo certo que os tempos são de crise podem, por isso mesmo, aguçar o engenho e a arte.
Fica o desafio.
P E D R O D A M A S C E N O
1 comentário:
Não encontrei no seu blog a crónica intitulada "Viver e morrer em Nova Iorque" que se encontra no jornal Ilha Maior e, por isso, estou a comentar aqui. Só o queria informar que Cantanhede é cidade logo, Renato Seabra não é um puto provinciano!
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